Bolsonaro: três meses de desgoverno
Há exatos três meses, Jair Bolsonaro tomou posse como presidente da República. Fez dois discursos em 1º de janeiro, um no Congresso e outro na Praça dos Três Poderes.
“Vamos valorizar o Parlamento, resgatando a legitimidade e a credibilidade do Congresso Nacional”, afirmou a deputados e senadores.
“Vamos retirar o viés ideológico de nossas relações internacionais. Vamos em busca de um novo tempo para o Brasil e os brasileiros”, disse a uma multidão, no palanque, logo depois de receber a faixa presidencial.
Sem surpresa alguma, Bolsonaro nada mais fez do que optar por um viés ideológico no governo —no caso o conveniente a ele— ao viajar para Israel em uma explícita estratégia de aproximação daquele país e alinhamento a Donald Trump nos EUA.
Um viés reforçado pela tolice delirante declarada e reafirmada pelo ministro Ernesto Araújo sobre a ligação de movimentos de esquerda com o nazismo. E sustentado pelo comportamento incessante do deputado e dublê de chanceler Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais.
No discurso de posse, o presidente prometeu valorizar o Congresso. Em entrevista à TV Bandeirantes, na semana passada, comparou as duas cúpulas projetadas por Oscar Niemeyer a uma fábrica de salsichas.
Bolsonaro passou quase 30 anos nas fileiras do baixo clero da Câmara e indica não ter a mínima noção de como tratá-lo. Diz não querer alimentar a fome da velha política, mas não conta qual o segredo da nova nem como será capaz de obter votos para a reforma da Previdência.
A relação com o Parlamento e o viés ideológico da política internacional, dois exemplos tirados dos discursos de posse, são apenas um pedaço de um conjunto de movimentos arriscados do novo governo.
Há tantos outros em quase cem dias de gestão. Na Praça dos Três Poderes, Bolsonaro declarou que pela pela primeira vez o Brasil irá priorizar a educação básica. A única prioridade do Ministério da Educação até agora tem sido um desmanche sem fim nos primeiros escalões da pasta.
Da FSP