Dado o cenário apontado pelo Datafolha, analistas temem que Bolsonaro radicalize discurso

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Presidentes de partidos e analistas do mercado financeiro compartilharam neste domingo (7) a mesma dúvida sobre a reação que Jair Bolsonaro deve ter diante do desgaste que os primeiros cem dias de governo causaram ao seu capital político. Esses grupos dizem que, dado o cenário apontado pelo Datafolha, restam dois caminhos: ou o Planalto se convence da necessidade de composição e tenta alavancar a agenda no Congresso por essa via, ou dobra a aposta e radicaliza o discurso.

O aparente desprezo do presidente e de seus aliados pelos dados levou parte do mercado e da política a colocar suas fichas no segundo e mais conturbado caminho: o da radicalização do discurso.

Um conselheiro de bancos e investidores avalia que Bolsonaro pode ter perdido o timing de maior influência sobre o Congresso e corre o risco de ser visto agora como um “leão sem dentes”—o que seria ruim para a reforma da Previdência.

Esse analista diz que, escorado só em 30% da sociedade —32% classificam o governo como ótimo ou bom—, o presidente terá pouca chance de êxito. Historicamente, PT tem apoio de um percentual semelhante e “hoje ninguém mais tem medo dele”.

Para o líder do PSL, Delegado Waldir (PSL-GO), a pesquisa não deve preocupar o partido. Quem trata a administração como regular, diz, não a desaprova. “Não é um governo nota 10, mas também não é nota 3. Não é um nerd, é um aluno mediano. Mas nota 7 passa de ano.”

Caciques do centrão pregam maior tutela de militares, inclusive nas negociações com o Congresso. Dizem que, hoje, só Augusto Heleno (GSI) ou Santos Cruz (Secretaria de Governo) teriam autoridade para corrigir os rumos.

Detalhamento do Datafolha revela que os católicos fazem avaliação mais crítica da personalidade do presidente do que os evangélicos. No primeiro grupo, 60% o veem como autoritário, 56% como orgulhoso e 55% dizem que ele trabalha pouco.

Entre os evangélicos, 49% dizem que ele é autoritário, 39% que trabalha pouco e 37% que é orgulhoso.

Da FSP