Dólar fecha a R$ 3,99, maior valor desde período pré-eleitoral

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Um dia após a aprovação da reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o dólar terminou a quarta-feira (24) cotado a R$ 3,9870, valorização de 1,63%. O preço de fechamento é o maior desde 1º de outubro de 2018, quando a moeda estava em movimento de desvalorização após tensão pré-eleitoral.

A valorização da moeda foi impulsionada pelos fortes resultados da economia americana no primeiro trimestre de 2019. A maioria dos balanços superou as expectativas dos investidores e indicam melhora da economia dos EUA.

Na terça (23), os índices Nasdaq e S&P 500 bateram a máxima histórica, com valorização de papéis de gigantes como Coca-Cola, Twitter e Hasbro.

O movimento puxou a maior valorização do dólar frente às principais moedas globais em dois anos. O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, registrou nesta quarta-feira 98.077 pontos. Desde maio de 2017 o índice não atingia os 98 mil pontos.

Os bons números, no entanto, não devem se perdurar, afirmam economistas. No pregão desta quarta, as Bolsas americanas operaram em baixa, com realização dos lucros da véspera.

No contraponto, a economia brasileira não se recupera como o esperado. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta quarta vieram abaixo da expectativa do mercado. O Brasil fechou 43.196 vagas formais de emprego em março. Segundo estimativa da agência Bloomberg, era esperada a criação de 80 mil vagas.

Foi também o pior mês de março desde 2017. Em compensação, os saldos do trimestre e dos últimos 12 anos são positivos.

“A economia está desacelerando e os dados do Caged deixam isso bem claro. O PIB brasileiro está retraindo neste primeiro trimestre frente ao quarto trimestre de 2018 e a perspectiva para o ano também cai”, afirma Victor Candido, economista-chefe da Guide.

A projeção de economistas para o PIB de 2019 diminuiu pela oitava vez no fim de março e agora está em 1,7% de crescimento.

Após aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Previdência na CCJ, investidores aguardam início dos trabalhos da comissão especial, quando serão divulgados os cálculos do governo da economia feita com a reforma. Para o mercado, o valor não pode ser menor que R$ 600 milhões.

“A reforma passou na CCJ aos trancos e barrancos, depois de muita porrada, perdendo quatro pontos. O governo precisa melhorar muito a articulação política para ontem”, afirma Candido.

Após a euforia do mercado com o fim desta primeira etapa, o cenário doméstico ficou mais suscetível a fatores externos.

O Ibovespa, maior índice acionário do país, acompanhou as demais Bolsas globais, que, em sua maioria, fecharam em queda. A Bolsa brasileira caiu 0,91%, a 95.045 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14 bilhões, abaixo da média diária para o ano.

Durante o pregão, o dólar teve mínima de R$ 3,9190 e chegou a R$ 3,9950. ​O real foi a segunda moeda emergente que mais se desvalorizou, atrás apenas do peso argentino, que perdeu 2,40% de valor frente ao dólar.

Da FSP