Eduardo Bolsonaro, que não faz parte do governo, vai à fronteira apoiar golpista Guaidó
Coincidência ou não, no mesmo dia em que a Venezuela é cenário de uma tentativa de golpe contra o governo do presidente Nicolás Maduro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) está na fronteira entre os dois países como membro da Comissão Externa da Venezuela, criada recentemente na Câmara.
O objetivo da viagem, informaram assessores do deputado, era visitar a estrutura da Operação Acolhida, que dá apoio aos refugiados venezuelanos na cidade de Boa Vista, em Roraima. No entanto, nesta terça-feira o deputado Bolsonaro está na cidade de Pacaraima, a poucos quilômetros da fronteira com a Venezuela, e lá teria dito a interlocutores, segundo O GLOBO apurou, que aguarda “boas notícias e talvez a oportunidade de comemorar do outro lado da fronteira”.
Em informação oficial, a comissão indicou que Bolsonaro e outros deputados que a integram observariam o impacto nos serviços públicos e na economia do estado causado pela imigração de cidadãos venezuelanos. Na agenda do dia estão previstos encontros com o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato dos Santos, uma visita ao hospital da cidade, aos bairros e à rodoviária. Também foi agendada uma visita à fronteira com a Venezuela e conversa com órgãos federais.
O deputado Bolsonaro, que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara (CREDN), se mostrou interessado e envolvido na questão Venezuela desde a campanha presidencial de 2018. Em recente viagem ao Chile, acompanhando seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o deputado provocou polêmica ao defender, em entrevista ao jornal “La Tercera”, o uso da força para resolver a crise venezuelana. Com a polêmica instalada, Eduardo minimizou sua declaração e disse apenas que “como afirma o governo americano, todas as opções estão sobre a mesa”.
Todos os governos da região sabiam que o dia 1º de maio seria importante para a oposição venezuelana, que convocara uma grande manifestação e, sem dar muitos detalhes, a fase final da chamada “Operação Liberdade”. A operação antecipou-se em um dia e o deputado Bolsonaro, sabendo ou não dos planos opositores, acabou estando a poucos quilômetros da Venezuela em momentos decisivos para o país.
Eduardo mantém intensos contatos com representantes da oposição e teve papel central na decisão do governo Bolsonaro de reconhecer a “Presidência encarregada” de Juan Guaidó, em janeiro passado.
De O Globo