Guedes e Bolsonaro causam rombo nas contas de março
As contas do governo federal registraram em março um rombo de R$ 21,1 bilhões, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (29).
O resultado é o segundo pior da série histórica iniciada em 1997. O dado puxou para baixo o saldo acumulado do ano. Com isso, no primeiro trimestre da gestão de Jair Bolsonaro, as contas públicas somaram um déficit de R$ 9,3 bilhões.
Os números — que abrangem as contas do Tesouro, da Previdência Social e do Banco Central — mostram uma tendência de ampliação no rombo fiscal do governo, na contramão do discurso apregoado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que busca zerar o déficit ainda neste ano.
Em janeiro, o saldo foi positivo em R$ 30,2 bilhões. O movimento se reverteu em fevereiro, com um déficit de R$ 18,3 bilhões.
A Previdência foi a responsável pelo rombo nas contas do governo. Enquanto o Tesouro e o Banco Central tiveram superávit de R$ 42,2 bilhões no trimestre, o regime geral de Previdência registrou saldo negativo de R$ 51,5 bilhões.
De acordo com o governo, as atuais projeções apontam que o Orçamento vai encerar o ano na meta estabelecida, de déficit de R$ 139 bilhões.
“A se confirmar o déficit primário do Governo Central na meta, isso representa uma sensível piora frente ao déficit primário realizado em 2018, de R$ 120,2 bilhões”, informou o Tesouro.
Apesar da busca de Guedes pelo fim do déficit já neste ano, técnicos do governo reconhecem que o objetivo é difícil de ser alcançado e só seria possível com um aumento nas receitas e arrecadações extraordinárias.
Entretanto, o que se observou no início do ano foi uma deterioração nos parâmetros econômicos e uma piora nas expectativas de arrecadação, o que obrigou o governo a bloquear recursos do Orçamento deste ano.
Neste mês, também foi ampliada a previsão de déficit para 2020, que passou de um resultado negativo de R$ 110 bilhões para R$ 124,1 bilhões.
Guedes conta com a concretização de medidas como a privatização de estatais para reduzir o rombo. A venda de ativos da Eletrobras, por exemplo, não está nas contas oficiais do governo para 2019, mas a equipe econômica espera que ocorra ainda neste ano, o que permitiria uma revisão dos números.
De Folha de SP