Historiador indica livros que mostram que nazismo não é de esquerda
O presidente Jair Bolsonaro disse que “não há dúvida” de que o nazismo foi um movimento de esquerda. Bolsonaro fez esta afirmação nesta terça-feira, 2, depois de visitar o Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém. O primeiro a dizer que o nazismo “foi um movimento de esquerda” foi o chanceler Ernesto Araújo.
No encontro com jornalistas – último compromisso oficial de sua passagem por Israel -, o presidente tentou justificar sua fala nomeando o partido de Hitler: “Partido Socialista…, como é que é? Partido Nacional-Socialista da Alemanha”, disse.
O site do Centro de Memória do Holocausto diz que o Partido Nazista da Alemanha era um entre vários “grupos radicais de direita”.
A pedido do Caderno 2, Marcos Guterman, historiador e jornalista do Estado, indica 6 livros que provam que o nazismo não é de esquerda. Dois deles, os de Hannah Arendt e de Norbert Elias, trazem o aspecto ideológico, indo às raízes nacionais e explicando o caráter eminentemente alemão do “socialismo” do Nacional-Socialismo.
Já o de Ian Kershaw e a trilogia de Richard Evans abordam a trajetória histórica, da aliança dos empresários (e do partido do centro católico) com Hitler contra o comunismo, explica o historiador.
6 livros sobre o nazismo
Hitler, de Ian Kershaw
Monumental biografia de Adolf Hitler publicada no Brasil em 2010 pela Companhia das Letras. O autor se debruça sobre a trajetória de uma pessoa que parecia destinada ao fracasso e que acabou comandando um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa. E tenta encontrar uma explicação para trajetória ascendente, para o domínio que Hitler exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que causou em seu país e no resto do mundo.
A trilogia do Richard Evans sobre o Terceiro Reich
A obra de Richard Evans, um dos mais importantes estudiosos da história alemã, sobre o nazismo é dividida em três volumes: A chegada do Terceiro Reich, Terceiro Reich no Poder e Terceiro Reich em Guerra. Juntos, eles ajudam a compreender uma das épocas mais obscuras da História. Os livros foram publicados no Brasil pelo selo Crítica, da Editora Planeta.
Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt
Neste livro clássico, presente nas livrarias brasileiras em edição de bolso da Companhia das Letras, Hannah Arendt elucida o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800, analisa imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial e discute as instituições e operações desses movimentos, centrando-se nos dois principais regimes totalitários da nossa era: a Alemanha nazista e a Rússia stalinista.
Os Alemães, de Norbert Elias
O autor analisa o desenvolvimento social da Alemanha a partir do século 17, investiga a personalidade, a estrutura social e o comportamento do povo alemão, lançando nova luz sobre a subida dos nazistas ao poder e sobre o Holocausto. O livro foi publicado aqui pela Zahar.
Do Estadão