Interferência torta de Bolsonaro deu arma aos caminhoneiros que querem chantageá-lo
O vaivém da Petrobras na definição do preço do diesel e a interferência torta do governo na estatal são barbeiragens que conseguem projetar nuvens de desconfiança para todos os lados. Os investidores já não sabem para onde vai a condução da companhia e os caminhoneiros ganharam força para fazer novas ameaças de paralisação.
Depois de atender à ordem de Jair Bolsonaro para suspender o aumento de R$ 0,11 na última semana, a petrolífera anunciou que o litro do diesel vai subir R$ 0,10. O episódio foi tão mal conduzido que deu discurso aos motoristas que se diziam prejudicados pela política de preços da empresa. Certamente a pressão não era por esse centavo de diferença.
Quase tudo ficou mal explicado. O ultraliberal Paulo Guedes disse que o presidente não encostou o dedo na estatal. Ele alegou que o chefe só fez uma pergunta à cúpula da companhia. “Não tenho nada a ver com esse negócio”, teria dito Bolsonaro, segundo o relato do ministro.
Guedes jura que não haverá mais intervenções, embora admita que a Petrobras estuda mudar sua fórmula de preços. A incerteza acende um fósforo ao lado do tanque de diesel.
Os caminhoneiros fazem uma chantagem baixa, mas perceberam como funciona essa negociação. Se a pressão quase funcionou uma vez, quando Bolsonaro suspendeu o reajuste, eles podem recalcular os incentivos para novas manifestações.
Quando o governo ofereceu obras nas estradas e uma linha de crédito para os caminhoneiros, um representante disse que aquilo era uma esmola. Segundo ele, “o pessoal está eufórico” para desligar os motores.
Da FSP