Moro diz que pesquisa do Datafolha foi mal feita

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O ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro utilizou o Twitter nesta quinta-feira para criticar a pesquisa de opinião divulgada pelo Instituto Datafolha, do Jornal Folha de São Paulo, em que os entrevistados foram convidados a responder questões relativas a pontos do pacote de leis anticrime enviado pelo governo ao Congresso em fevereiro. Os resultados da pesquisa indicaram, segundo manchete do jornal, que a maioria da população seria contra as principais proposições do projeto .

“Pesquisa do Datafolha rendeu manchete na Folha de São Paulo, ‘maioria é contra pontos-chave de pacote anticrime de Moro’. Bem, nenhuma das perguntas feitas na pesquisa diz respeito a medidas constantes no projeto de lei anticrime”, escreveu o juiz, que em seguida classificou a pesquisa como “mal feita”.

A principal crítica de Moro à pesquisa é em relação a uma das perguntas feitas aos 2.806 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 2 e 3 de abril. Questionados sobre a liberdade para que policiais atirem em suspeitos durante as ações, a maioria respondeu de maneira negativa — 81% das respostas teve como motivo a possibilidade de inocentes serem atingidos.

Segundo a “Folha”, a pesquisa indicaria que a população se opõe à intenção do governo de garantir a redução ou não aplicação da pena em casos que envolvam excessos em situações de legítima defesa. O texto enviado ao Congresso por Moro flexibiliza a punição caso esses excessos tenham sido cometidos em casos de “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

Para o ministro, a questão levantada na pesquisa não está relacionada à proposta do pacote anticrime, uma vez que, segundo ele, “nada há no projeto que defenda licença para policiais atirarem em inocentes ou mesmo em suspeitos ou que episódios assim não devam ser investigados”.

Em relação à possibilidade de não haver investigações nos casos envolvendo agentes de segurança, 79% dos entrevistados defenderam que elas sigam existindo. O projeto de Moro, no entato, não prevê que o contrário aconteça. Apesar da possibilidade de flexibilizar as penas caso o pacote seja aprovado, as investigações continuariam ocorrendo.

Apesar das críticas, Moro afirmou que ainda aguarda uma nova pesquisa de opinião relativa ao projeto. Segundo ele, uma das perguntas a serem feitas numa eventual nova rodada poderia questionar o nível de aprovação da prisão após condenações em segunda instância, outro ponto importante do projeto.

“Pesquisas de opinião são importantes para auxiliar na construção de políticas públicas. Ainda espero que alguma possa ser feita sobre o projeto de lei anticrime e seus pontos chaves: medidas simples e eficazes contra corrupção, crime organizado e crimes violentos”, expressou o ministro.

Recém-chegado ao Twitter, Moro criou o perfil na rede social na semana passada e, desde então, passou a ser seguido por mais de meio milhão de usuários. A ideia inicial dele, conforme publicou, era utilizar o espaço virtual para defender projetos do ministério, com foco no pacote anticrime. Ao criticar a pesquisa hoje (classificada pelo ministro como “mal feita”), ele reiterou o propósito.

“A pesquisa mal feita apenas reforça a necessidade de continuar explicando aqui no Twitter o projeto de lei anticrime. Volto às explicações em breve”, pontuou Moro.

Empenhado desde fevereiro em aprovar o pacote no Congresso, Moro chegou a trocar farpas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (MDB-RJ), quando ele afirmou que priorizaria a tramitação da Reforma da Previdência na Casa. Nesta terça-feira, o ministro participou de uma reunião com celebridades em São Paulo, ao lado de Paulo Guedes (Economia), para pedir apoio às duas causas .

De O Globo