Para Zema (Novo), Estado não falhou na tragédia de Brumadinho
Em entrevista concedida à revista “IstoÉ Dinheiro”, o governador Romeu Zema (Novo) rejeitou que tenha ocorrido alguma falha do Estado no episódio do o rompimento da barragem da mina na região de Córrego do Feijão, em Brumadinho. Até o último dia 10, o número de mortos confirmados estava em 225 e havia ainda 68 pessoas desaparecidas.
“Não (houve falha do Estado). Vamos deixar isso bem claro. O que aconteceu em Brumadinho é a mesma coisa que você ter uma área rural, pedir autorização ambiental para desmatar uma parte para construir um prédio e amanhã esse prédio desabar. A culpa é de quem concedeu a licença ambiental? Ou do engenheiro que fez o prédio? Há muito desentendimento com relação a isso. O que a Secretaria do Meio Ambiente fez e continua fazendo é analisar o impacto ambiental da barragem. A Secretaria do Meio Ambiente não analisa as características técnicas da barragem, isso é coisa para o CREA (Conselho Regional de Engenharia Agronomia), para a engenharia. Então o que aconteceu ali foi um acidente de engenharia que provocou uma catástrofe humana e uma tragédia ambiental”, afirmou.
Zema também foi questionado se, a partir de agora, o Estado não deveria então também ser responsável pela vistoria da engenharia de qualquer tipo de obra, seja uma barragem, prédio residencial ou fábrica. Ele se colocou contrário.
“Na legislação federal, já existe a Agência Nacional de Mineração (ANM). Sou contra o retrabalho estadual de fiscalização, pois as duas entidades estariam checando uma só coisa. É o mesmo que você precisar de uma identidade para ir ao cinema e outra para poder se apresentar em qualquer local que não aquele. O que a gente tenta é simplificar a vida de quem produz, mas da forma correta, sem descuidar da segurança”, completou Zema.
O governador lembrou que o Estado promoverá no próximo dia 17 o evento “Como Conciliar Preservação Ambiental, Desenvolvimento, Segurança e Mineração”, afirmou que a atividade foi “demonizada” e que a questão precisa ser tratada de forma técnica.
“A mineração foi de certa forma demonizada desde a tragédia de Brumadinho e com certeza a população ficou indignada. Mas não podemos tratar a solução de forma emocional. Temos que mostrar que na Austrália, no Canadá, em outros países, há mineração segura e que há tecnologia para isso. Vamos trabalhar para que esse impacto (econômico) que vai existir não seja tão forte quanto poderia ser. E lembrando que a Assembleia Legislativa agiu rápido, sancionou a lei que torna as barragens mais seguras, aumentou o grau de exigência. O setor de mineração vai ser reinventado no estado. Essas mudanças no grau de segurança vão exigir grandes investimentos das empresas e isso vai gerar movimentação econômica também”, disse o governador.
De O Tempo