Grupos de caminhoneiros ameaçam fazer greve nacional na segunda-feira
Grupos de caminhoneiros ameaçam com greve em âmbito nacional para segunda-feira (13/5). A ameaça pegou de surpresa a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e até lideranças da categoria de fora da entidade sindical. O comando do movimento não segue verticalidade alguma, ou seja, é sem hierarquização. É organizado pelos próprios transportadores, a ponto de não ter influência nem de líderes responsáveis pelas paralisações de 2018, 2015 e 2013.
A ameaça de greve é monitorada pelo governo. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República acompanha os movimentos dos caminhoneiros nas redes sociais e em aplicativos de mensagem instantânea,como o WhatsApp. O governo tem feito esforços para minar toda e qualquer paralisação, com diálogo aberto junto aos líderes pelo ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Mas essa intimidação específica, com uma pauta que não estava no radar do governo, mobilizou a inteligência do Palácio do Planalto a acompanhar tudo de perto.
Os caminhoneiros vêm organizando periodicamente greves ao longo dos últimos 30 anos. De dois em dois anos ou de três em três anos, historicamente, é comum haver algum foco de paralisação, com maior ou menor força. A do ano passado, no governo do ex-presidente Michel Temer, durou 10 dias e provocou impactos econômicos no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.
Em comum entre essas paralisações está a criação de líderes. Em cada uma delas, algum autônomo se alçou ao posto de liderança pelo respeito entre os pares como representante da categoria. Nada formal, de papel assinado, mas de reconhecimento. Nesta ameaça de nova paralisação, vários despontam como postulantes, embora ainda seja cedo apontar algum indicado.
A paralisação de 13 de maio é organizada em grupos de WhatsApp. O Blog acompanha cinco desses agrupamentos no aplicativo de mensagem instantânea. Centenas de mensagens são trocadas por horas, sendo alguns mais movimentados que os outros. Um deles, de nome “Paralisação 13/5”, conta com 243 integrantes. Nem todos são caminhoneiros. Alguns entram apenas prestando apoio. Mas boa parte trocam mensagens por áudio e enviam fotos dos caminhões.
Não há uma pauta bem definida nesta paralisação. A reivindicação central é pela redução do preço do óleo diesel, o que confirma a ausência da participação de líderes desse movimento. A agenda que lideranças mantêm com o governo é por fiscalizações no cumprimento da jornada de trabalho e do piso mínimo. Os caminhoneiros dispostos a fazer greve admitem que, primeiro, querem parar e, depois, discutir demandas com o governo.
A revolta é grande e o dia escolhido para paralisação foi definido quase uma semana antes da data alusiva à paralisação do ano passado, iniciada em 21 de maio. Desde então, os transportadores alegam que a situação financeira piorou. Reclamam da falta de cargas para transportar e do baixo preço do frete. Afinal, com o excesso da oferta de caminhões no mercado e a baixa demanda no setor, o resultado é a baixa remuneração.
O movimento de líderes era para marcar um ato de protesto em 19 de maio, um domingo. A organização se mobilizava para ir ao estacionamento do Estádio Mané Garrincha, Em Brasília, e, depois, promover uma carreata na Esplanada dos Ministérios, como na paralisação de 2015. Com a ameaça de greve para 13 de maio, líderes estão tentando demover a ideia das bases, mas se dizem de mãos atadas.