Atos em defesa de Bolsonaro foram vistos com descrença por empresários e altos executivos
Os atos deste domingo (26) em defesa de Bolsonaro foram vistos com descrença por empresários e altos executivos. Embora tenham atraído público maior do que muitos previam, a avaliação é que a manifestação não terá relevância na pressão pela Previdência.
É forte no empresariado a expectativa de que a reforma será aprovada. Porém, mais por força do alinhamento entre Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o ministro Paulo Guedes, do que por causa de qualquer protesto.
Outros efeitos, como uma deterioração cada vez pior dos dados econômicos, devem ter mais poder de persuasão sobre a necessidade de reforma, avaliam lideranças no setor privado.
Previsões mais céticas calculam que a Previdência passa no segundo semestre, trazendo um breve impulso animador, assim como ocorreu após a eleição de Bolsonaro, mas a economia não se recupera. Aí é esperar para ver como o governo se reinventa no início de 2020.
O relativo sucesso da convocação das manifestações traz insegurança a alguns empresários. O temor é que tenha inflado a confiança de Bolsonaro, dando fôlego para que o núcleo duro do presidente, de familaires e olavistas, o atice a entrar em conflito aberto com militares, Legislativo ou equipe econômica.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, foi neste domingo à Paulista, onde manifestantes se reuniram em defesa de Bolsonaro. Participou de um congresso, que acontecia na sede da entidade. Encerrado seu compromisso, foi embora sem descer na avenida para prestigiar o ato.
O movimento de empresários Brasil 200, que a princípio negou apoio ao evento e depois mudou de ideia, saiu satisfeito. Segundo a interpretação de Gabriel Kanner, presidente do grupo fundado por seu tio Flavio Rocha (Riachuelo), a principal pauta do protesto foi a defesa da reforma da Previdência.
“Era uma utopia imaginar que as pessoas iriam às ruas em defesa da reforma da Previdência, que foi uma pauta tão impopular nos últimos anos. Hoje, 100% das pessoas na Paulista estavam a favor da reforma”, disse Kanner.
João Doria e Henrique Meirelles, que estavam em Gramado para o encontro do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), partiram antes do ato pró-Bolsonaro. Depois de cumprir agenda, visitaram o comércio local e compraram chocolates na tradicional loja Lugano.
Da FSP