Censo 2020 sob risco: IBGE terá 5 dias para explicar cortes ao MP
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada ao Ministério Público Federal (MPF), deu cinco dias para que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirme se haverá corte de 25% no orçamento do Censo 2020 e apresente estudos técnicos e motivos para essa redução. O prazo começa a ser contado a partir do momento em que o órgão é notificado – o que aconteceu ontem.
Segundo o MPF, uma redução na receita do Censo e, consequentemente, na sua cobertura, “interrompe a construção de séries históricas, em suas diversas análises e escalas, com inestimável prejuízo à construção de conhecimento, ao embasamento de políticas públicas e ao exercício da cidadania.” Nesta semana, a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, afirmou que o orçamento para a realização do censo de fato seria reduzida – intenção que desde o início do ano vem sendo repetida pelo governo. “O levantamento subsidia o planejamento e a execução de políticas públicas em área como educação, saúde e habitação, além de permitir avaliar a abrangência dessas iniciativas”, diz a Procurado.
Matéria da Folha publicada no último dia 2, citada pelo ofício do MPF, mostra que técnicos do IBGE estão insatisfeitos com as intervenções do governo federal no instituto. Ontem, o jornal revelou que Guerra exonerou o diretor de Pesquisas do instituto, Claudio Crespo, responsável pelo Censo, e o diretor de Informática, José Santana Beviláqua. O jornal apurou que Crespo vinha se posicionando de forma contrária aos cortes. A notícia repercutiu negativamente em instituições de classe. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE emitiu uma nota criticando a intervenção do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no instituto. “Essa decisão reforça a postura do governo Bolsonaro de interviR no IBGE, o que ficou evidente a partir das declarações do próprio Presidente, questionando os resultados da PNAD Contínua, relativa aos números de emprego e desemprego, e também do ministro Paulo Guedes, que chegou a propor a venda de imóveis do IBGE para a obtenção de recursos”, diz a nota.
De UOL