Diretores do Colégio Pedro II preveem implicações devastadoras para a instituição

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Minha mãe, Circe Navarro, foi professora de filosofia do Pedro II aos 20 e poucos anos. Anos Dourados. Nascida em 1930, saiu do Instituto de Educação, ousou fazer Faculdade de Filosofia (nos anos 50 era uma ousadia para as mulheres fazerem formação superior) e se tornou professora. Foi professora em tudo que fez, da formação até falecer, quando já era muito mais, em universidades públicas e privadas, e inspirou muita gente nesse trajeto. Professora de filosofia, lógica matemática, filosofia da ciência, orientadora de tese, coordenadora, com suas colegas igualmente fortes e competentes como Samira Mesquita, Henriette Amado (com quem trabalhou no Colégio Andre Maurois) e muitas outras professoras e professores admiráveis que me emociono de lembrar.

Ela me ensinou que a filosofia é a base de tudo. Não é descartável, assim como a sociologia não é descartável. Se desdobrou em todo o pensamento cientifico e muito mais. E agora?

*Nota pública dos Diretores Gerais à Comunidade escolar do Colégio Pedro II*

Nós, Diretores Gerais do Colégio Pedro II, fomos informados pela Reitoria, na tarde dessa quinta-feira, dia 02 de maio, sobre o corte, promovido pelo Governo Federal, de 36,37% da verba de custeio destinada à nossa Instituição para o ano de 2019.
O corte da distribuição dos recursos orçamentários soma R$18.571.339,00, referentes aos gastos de custeio (Ação 20RL – Funcionamento de Instituições Federais de Educação). Além de expressiva, a redução do orçamento, por ser abrupta, inviabilizará o planejamento que foi elaborado antecipada e cautelosamente pelos dirigentes dessa instituição.
Desde 2014, vivenciamos contingenciamentos e redução do nosso orçamento e administramos com responsabilidade nossos campi, honrando com o pagamento das contas básicas como água e energia elétrica, bem como contratos com empresas fornecedoras de serviços fundamentais como segurança, limpeza e alimentação. Era essa verba que vinha nos permitindo, não sem dificuldades, garantir a execução de projetos pedagógicos reconhecidamente de excelência e oferecer à nossa sociedade educação pública de qualidade.
Apesar de sermos a única e mais antiga Instituição de Ensino Básico Federal do país, infelizmente, deparamo-nos hoje com o informe desse corte orçamentário que, devido a sua magnitude, terá implicações devastadoras, trazendo danosas consequências para a manutenção de nossa Instituição.
A necessidade de maior investimento em Educação Básica tem sido apontada por especialistas, em todo o mundo, como requisito indispensável ao desenvolvimento de qualquer nação. Não há crescimento sem educação. Estamos diante de um projeto para a educação pública que, não só não prevê investimento, como também corta verbas de custeio básico.
Não negligenciaremos o nosso dever de gerir o bem público com responsabilidade, transparência e respeito à legislação vigente. Porém, não podemos nos abster de informar à nossa comunidade os grandes riscos que todos corremos com esse corte.
Em período de crise, união, informação e diálogo são fundamentais.

De Liana Brazil, do Facebook