Google quer elevar o número de profissionais negros em seu escritório brasileiro

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O Google avança no esforço para elevar o número de profissionais negros em seu escritório brasileiro. Entrou em fase de entrevistas o processo seletivo para estágio que prioriza a contratação de negros.

O Brasil foi escolhido como o primeiro mercado de todas as filiais da empresa para deslanchar o projeto, que excluiu a exigência de inglês, visando expandir a diversidade de candidatos.

A iniciativa é liderada por Flavia Garcia, ela própria negra, que assumiu a missão neste ano.

Norte Em sua primeira entrevista no cargo, a executiva disse à coluna que se guia pelos conceitos de diversidade, buscando refletir nos funcionários a representatividade dos usuários do Google, e de inclusão, para oferecer bem-estar ao trabalhador e extrair todo o seu potencial.

Primeiros passos Entre as dificuldades, ela nega a existência de qualquer tipo de resistência na empresa. O maior desafio, avalia, é o aprendizado mesmo. “O mundo corporativo trabalha o assunto há relativamente pouco tempo.”

On the table A retirada da exigência do inglês foi uma percepção estratégica, embora a língua seja praticada diariamente no Google, onde inglês e português se misturam. Seu cargo se chama “head” de diversidade e inclusão para a América Latina. “Ser fluente no Brasil é questão de acesso a oportunidades, de pagar curso ou viajar. Mas isso se pode desenvolver. As pessoas aprendem”, afirma.

Continua O programa de estágio especial, chamado Next Step vai escolher em agosto 20 candidatos que receberão treinamento e aulas de inglês por dois anos. O programa convencional do Google continua existindo com duração de seis meses.

Reforço A executiva exalta a importância do comprometimento da direção. “Há um engajamento muito alto da liderança [do Google]. A responsabilidade com diversidade e inclusão aqui não é só da área de pessoas. Ela é compartilhada com a liderança”, afirma.

Chicago girl Garcia fez MBA na célebre escola de Chicago. E diz que seu “despertar” foi por lá. “Essa conversa está muito estruturada nos EUA. Lá eu tive o meu primeiro contato pessoal com o tema”, diz.

Retrocesso
Em abril, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, defendeu a ordem de Bolsonaro para tirar do ar um vídeo que destacava atores negros. Novaes foi colega do ministro Paulo Guedes no berço do liberalismo —econômico— em Chicago.

Prosa
Retrato da head de diversidade do Google Brasil, Flavia Garcia. Mulher negra, cabelos cacheados, com os braços cruzados e sentada sobre um sofá marrom de couro.

“Estamos priorizando os candidatos negros. Esse é um grupo historicamente subrepresentado na indústria de tecnologia e no mundo corporativo como um todo”

Jornalista, Joana Cunha é formada em administração de empresas pela FGV-SP. Foi repórter de Mercado e correspondente da Folha em Nova York.

Da FSP