MEC anuncia o 3º presidente do Inep do governo Bolsonaro, um funcionário da Casa Civil

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O Ministério da Educação anunciou na manhã desta sexta-feira (17) Alexandre Ribeiro Pereira Lopes como novo presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais), órgão responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Este é o terceiro nome a ocupar o cargo desde janeiro no governo de Jair Bolsonaro. Ele substituirá o delegado Elmer Vicenzi, demitido nesta quinta (16) em meio a desentendimentos com o titular da pasta, Abraham Weintraub.

Vicenzi estava à frente da gestão do instituto desde 29 de abril.

A nomeação de Lopes e a exoneração de Vicenzi ainda não foram publicadas no Diário Oficial da União, o que deve acontecer na próxima segunda-feira (20), segundo o MEC.

Lopes ocupava atualmente a função de diretor legislativo na secretaria-executiva da Casa Civil. Ele já havia trabalhado no Weintraub no governo Bolsonaro que, antes de se tornar ministro era o número dois da pasta comandada por Onyx Lorenzoni (Casa Civil).

De acordo com o currículo de Lopes, ele é formado em engenharia química pela UFRJ e em Direito pela UnB. É servidor público de carreira como analista de Comércio Exterior desde 1999.

A assessoria do MEC, oficialmente, diz que Vicenzi pediu demissão, sem detalhar a motivação. Delegado da PF (Polícia Federal), ele foi dispensado após 18 dias de trabalho. O motivo da exoneração teria sido uma disputa com a procuradora-chefe do Inep, Carolina Scherer Bicca, segundo relataram servidores do órgão. A demissão pegou muitos funcionários do Inep de surpresa.

O conflito aconteceu em torno de uma divergência sobre a transparência de dados do Inep sobre os estudantes do ensino básico e superior. Segundo a reportagem apurou, Vicenzi era favorável ao uso dessas informações para a formulação de políticas públicas. Já a procuradora é contra.

Discordando de pareceres, decidiu retirar a função comissionada de um procurador. A decisão não teria sido respaldada por Carolina, que levou o assunto até o secretário-executivo do Ministério da Educação, Antonio Paulo Vogel. Em meio à disputa, os servidores relatam que Carolina teria dito que não aceitaria a mudança e que só ficaria no posto se Vicenzi deixasse o cargo. Vogel então optou por Carolina e o Ministério da Educação chancelou a demissão.

Esta foi a primeira baixa no alto escalão da gestão de Abraham Weintraub no comando do MEC. Ele assumiu a pasta em abril, no lugar do colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, demitido após uma crise entre as alas ligadas aos militares e ao escritor Olavo de Carvalho.

O presidente anterior do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues, foi demitido por Ricardo Vélez Rodríguez, ex-ministro da Educação, após cancelar a avaliação federal de alfabetização de crianças.

No início do governo Bolsonaro, a presidência era ocupada por Maria Inês Fini, que foi exonerada no dia 14 de janeiro.

A primeira mudança no comando do órgão veio depois de Bolsonaro ter criticado o Enem do ano passado por ter trazido uma pergunta que citava o “dialeto secreto” de gays e travestis. Segundo o presidente, a questão não media “conhecimento nenhum”.

O Enem 2018 trazia um texto sobre o “pajubá, o dialeto secreto dos gays e travestis” e questionava o candidato quanto aos motivos que faziam a linguagem se caracterizar como “elemento de patrimônio linguístico”. Na época da prova, em novembro, o Inep não quis comentar as críticas de Bolsonaro.

Da FSP