Avós da Praça de Maio encontram 130º neto roubado durante ditadura argentina
As Avós da Praça de Maio, que desde 1977 buscam os filhos daqueles que desapareceram por conta da repressão da ditadura militar (1976-1983), fizeram nesta quinta-feira (13) o anúncio oficial da descoberta de mais um neto recuperado.
Javier Matías Darroux Mijalchuk, 42, é o neto número 130 encontrado pela entidade, que trabalha com diversos elementos para a busca: investigação policial, coleta de dados genéticos, denúncias e a própria busca voluntária de pessoas que se apresentam porque desconfiam terem sido sequestrados e adotados durante a ditadura.
Foi uma prática comum no período. Após matar os supostos subversivos apreendidos nos centros clandestinos, os militares preservavam os bebês, ou as mulheres grávidas apenas até darem à luz, e depois os entregavam para adoção de famílias de militares ou de sua confiança. Estima-se que cerca de
500 bebês tenham sido sequestrados na época.
Depois, descobriu-se que sua entrega à família adotiva ocorreu quando ele tinha ainda quatro meses e que sua mãe estava grávida. Ele, agora, conta que quer buscar “minha irmã ou meu irmão”, pois não soube mais do paradeiro da mãe nem onde e quando teria dado à luz novamente.
Os pais foram detidos pela repressão em momentos diferentes. Primeiro foi seu pai, Juan Manuel Darroux. Depois, sua mãe, Elena, recebeu uma carta dizendo que Juan seria libertado e fornecia um endereço. Ela foi, levando o filho Javier Matías, mas era uma emboscada e ambos terminaram presos.
“Para nós, encontrar mais um neto e chegar à marca de 130 é um prêmio mais do que merecido”, disse Carlotto.
Mijalchuk acrescentou que fazia questão de vir à público neste dia porque ainda quer descobrir, além do paradeiro do possível irmão ou irmã, qual foi o destino de seus pais biológicos, vistos com vida pela última vez em 1977.
Um dos tios de Mijalchuk esteve presente, e o sobrinho o agradeceu, “por não ter nunca deixado de me procurar”, com lágrimas nos olhos. O tio contou que buscou o sobrinho por mais de 40 anos e que jamais havia perdido a esperança.
Da FSP