Bolsonaro cria lorotas para causar medo generalizado

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Não é de hoje que inventam lendas, crenças e superstições com o objetivo de moldar o comportamento das pessoas. A história é sempre a mesma. Alguma autoridade, religiosa, política ou familiar, decide que seus subordinados não devem agir de certa forma. É criada, então, uma lorota para causar medo generalizado e evitar o hábito indesejado.

Ainda na Grécia antiga, o teatro era usado para ensinar aos cidadãos o que seria certo e errado. O povo hebreu escreveu o Levítico, terceiro livro do Velho Testamento, que é basicamente uma lista do que não fazer sob pena de enfrentar a fúria divina.

Algumas crenças permanecem e fazem parte do nosso cotidiano. Muita gente ainda acha que manga misturada com leite pode ser fatal. Isso porque, no período colonial, algum senhor de engenho quis impedir que escravos bebessem o leite da fazenda.

Deixar o chinelo virado para baixo, para alguns, é um sacrilégio pois pode matar a mãe. Lenda criada por outra mãe cansada de escorregar nos chinelos dos filhos. Tomar banho ou nadar só era possível duas horas depois de comer. Boato inventado, talvez, por pais que queriam dar uma “descansadinha” depois almoço.

Cortar o cabelo em lua minguante era extremamente proibido —ou o cabelo não cresceria. Trata-se de crença criada para evitar que mulheres façam mudanças radicais na TPM (eu inventei essa, mas é batata!).

Quando achávamos que já tinham elaborado as lendas mais estapafúrdias, eis que surge um governo capaz de criar disparates nunca antes testemunhados.

Nem o sacerdote mais abilolado de 500 a.C. inventaria que multa para motorista com criança sem cadeirinha é coisa da “indústria da multa”.

Ou que entidades de defesa do meio ambiente e dos direitos humanos tem “viés de esquerda”. Que a solução para o problema de segurança é armar o “cidadão de bem” (outra lenda, por sinal). Ou que é herói umjuiz que frauda operação investigativa para derrubar opositor político.

São tantas as cascatas que não é de se espantar que apelidaram o líder deste governo de “mito”.

E, assim como na lenda da manga com leite, tem muita gente que acredita.

Da FSP