Bolsonaro será primeiro presidente eleito a ir à Marcha para Jesus

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Em mais um gesto de aproximação com os evangélicos , o presidente Jair Bolsonaro vai participar nesta quinta-feira da 27ª edição da Marcha para Jesus , em São Paulo. Será a primeira vez que um presidente em exercício marca presença no evento, que reuniu mais de um milhão de pessoas no ano passado, segundo seus organizadores.

Líderes religiosos avaliam que a proximidade é importante para a defesa de suas pautas de costumes , temas também defendidos por Bolsonaro, como críticas contra o  aborto e contra a descriminalização das  drogas .

Os evangélicos, cerca de 30% da população brasileira, tiveram papel importante na eleição de Bolsonaro. No início de governo, no entanto, lideranças reclamavam de falta de espaço e interlocução com o governo. Nos últimos três meses, Bolsonaro tem tentado reverter essa percepção. A Marcha para Jesus será o quinto evento religioso de que o presidente participará nos últimos três meses.

Fundador e ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Hidekazu Takayama (PSC-PR), afirma que a intenção da marcha é mostrar a força do segmento e afirmar a defesa dos valores cristãos, que representam mais de 80% dos brasileiros, se considerada a soma de católicos e os evangélicos.

– Não queremos uma ditadura de uma maioria cristã. Embora o país seja laico, o governo administra um país que tem a cara cristã. Jamais vamos aceitar uma ditadura de uma minoria, que apresenta pautas favoráveis ao aborto e das drogas, que se confrontam com nosso valores  – afirma Takayama.

– São esses cristãos que dão respaldo ao Bolsonaro. E pode ter certeza que essa defesa das nossas pautas cada dia vai aumentar mais – conclui.

De acordo com lideranças políticas, o grupo também quer ir além: a intenção é aproveitar a afinidade com Bolsonaro para tirar do papel algumas medidas. No Congresso, deputados da bancada evangélica articulam um projeto que pretende rever decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) da semana passada, quando a Corte aprovou a criminalização da homofobia. Não por acaso, o presidente já chegou a sugerir que o Supremo poderia ter um ministro evangélico.

–  Ao proferir a decisão, o Supremo deixou uma porta aberta e deixou claro que quem deve legislar sobre a questão da homofobia é o Parlamento. Estamos estudando um projeto – afirma o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), hoje o principal interlocutor entre a bancada evangélica e o presidente.

Pastor da Assembleia de Deus, Feliciano tem estado ao lado de Bolsonaro em eventos religiosos. Segundo ele, é importante para os evangélicos verem que o presidente defende “valores cristãos” e apoia as pautas desse segmento.

Nas últimas semanas, o pastor conseguiu convencer o presidente a receber membros da bancada. Segundo o deputado, sua intenção é levar ao Planalto três ou quatro deputados por semana. Entre os que já estiveram com Bolsonaro estão Silas Câmara (PRB-AM), presidente da Frente Parlamentar Evangélica; Abilio Santana (PL-BA), Otoni de Paula (PSC-RJ) e Davi Soares (DEM-SP), filho do missionário R.R Soares, da igreja Internacional da Graça de Deus.

Organizada pela igreja Renascer em Cristo, comandada pelo apóstolo Estevam Hernandes, a marcha tem o apoio das maiores igrejas pentecostais, como Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus.

Bolsonaro esteve na edição do ano passado, mas ainda enquanto pré-candidato ao Planalto, e em 2015, como deputado federal.

Nas últimas eleições, quanto maior o percentual de evangélico nos municípios brasileiros, maior foi a votação de Bolsonaro. Nas 32 cidades com maioria da população desse grupo, ele recebeu 74,26% dos votos. O candidato do PT, Fernando Haddad, reconheceu que perdeu, em parte, por falta de apoio entre os evangélicos.

O primeiro encontro de Bolsonaro com os líderes religiosos evangélicos depois de eleito foi realizado em abril, no Rio, onde o presidente foi cobrado para colocar em prática a agenda conservadora que defendeu na campanha eleitoral. O evento foi organizado por Malafaia, um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro entre o segmento religioso.

Em maio, Bolsonaro esteve em dois eventos religiosos. No último dia 31, participou da 46ª Assembleia Geral da Convenção Nacional das Assembleias de Deus – Ministério Madureira. Antes disso, ele ainda participou de outra conferência em 2 de maio, em Santa Catarina.

A agenda mais recente foi no último dia 13, quando participou do culto de comemoração de 108 anos da Assembleia de Deus em Belém, no Pará.