Bomba: Caso de “vaca louca” no MT suspende contratos chineses
“A suspensão temporária protocolar é uma medida automática, prevista em documento de 2015 assinado com a China”, disse a assessoria do ministério. “Como se trata de medida protocolar – e não de risco sanitário – a expectativa é que logo se levante o embargo. Em tempo razoável para que as autoridades chinesas avaliem os documentos já entregues pela embaixada de Pequim ao governo chinês.”
É o que diz o ofício-circular n.º 48/2019, do Dipoa/SDA/Mapa, distribuído para os frigoríficos habilitados a exportar para o país asiático e obtido pelo Broadcast Agro. O ministério informa que a medida foi tomada em respeito ao Protocolo Provisório bilateral número 7472602, firmado entre a Administração-Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena da República Popular da China e o Ministério da Agricultura do Brasil.
O texto relata que “está suspensa, temporariamente, a produção e a certificação sanitária para a República Popular da China, de carne bovina a partir de 31 de maio de 2019, data da ciência do resultado (de caso atípico de EEB em MT)”. Acrescenta, ainda, que carregamentos expedidos até o dia 30 de maio de 2019 serão internalizados na China.
No mesmo ofício, o ministério informa que o caso atípico de EEB foi confirmado e notificado à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 31 de maio de 2019. E também diz que, na decisão, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério considera, para a decisão, o Decreto nº 9.667, de 2 de janeiro de 2019, a Portaria nº 562, de 11 de abril de 2018, no art. 25 do Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017, além do acordo bilateral.
O Ministério da Agricultura tomou uma decisão acertada disse ao Broadcast Agro o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres. Parar ele, a medida é “uma prova de boa vontade e acerto” da pasta na conduta relativa aos procedimentos que devem ser tomados em relação ao mal da vaca louca. Além disso, cumpre exigência dentro do acordo sanitário assinado pelos dois países. “O país de origem do problema deve suspender as exportações até que a situação seja esclarecida”, explica o consultor. “É uma atitude normal e até esperada. Demonstra que nosso sistema de inspeção sanitária está funcionando e sendo extremamente rigoroso.”
Em termos de mercado, entretanto, Torres adverte que não se trata de uma notícia tão boa. “O caso de EEB surgiu há poucos dias e, a partir daí, o que os países importadores podem fazer? Puxar o freio de mão”, diz. “Não sabemos, ainda, quais serão os desdobramentos mercadológicos disso. Há, também, a possibilidade de mercados que estavam para se abrir adiarem a abertura, como a Indonésia.”
O consultor acredita, porém, que o embargo temporário seja resolvido rapidamente, pois a China passa por um momento delicado com a peste suína africana (PSA), que vem dizimando plantéis de suínos na Ásia e obrigando o país a importar mais proteína animal para alimentar a população. “Quero crer que será resolvido rápido”, reforçou, e acrescentou: “Como se trata de um caso atípico de EEB no Brasil e com a necessidade chinesa por carne, vou ser otimista”.