Caso do sargento traficante é incompatível com aparato que cerca Bolsonaro

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Bem, dizer o quê? Não consigo imaginar o que NÃO estariam dizendo as hostes bolsonaristas nas redes sociais se um sargento da Aeronáutica que integrasse a equipe de um presidente repudiado pela turma, ainda que em tarefa subalterna, fosse flagrado com 39 quilos de cocaína, pronto para, em breve, embarcar no avião que transporta o presidente.

Digo que NÃO consigo imaginar o que NÃO estariam dizendo porque sei o que estariam dizendo.

Fosse Lula ou Dilma, por exemplo, logo apareceria alguém no Youtube, com olhar característico, perturbado e afetando sapiência, a ligar a droga ao Foro de São Paulo e às Farc. No caso, segundo uma rápida olhada que dei, há um esforço de minimizar a questão.  Nota: foi uma olhadinha mesmo. Trato esses ambientes virtuais como se fossem a cidade de Pripyat, na Ucrânia, esvaziada depois do acidente de Chernobyl: são habitados por fantasmas, mas a radiação (i)moral ali presente pode derreter o cérebro.

É claro que não é uma questão de somenos. Ainda que o rapaz seja apenas um taifeiro que fosse se ocupar da cozinha do avião presidencial, cumpre indagar: como são escolhidas essas pessoas? Qual é o protocolo? Antes ainda da eleição — refiro-me ao Bolsonaro candidato —, mesmo nos corredores de um estúdio de TV, era impossível ficar a menos de uns cinco círculos de brutamontes de distância do “Mito”. Mais um pouco, e um segurança se colocava no seu cangote até durante um debate.

Uma vez presidente, reparem no desfile impressionante de carros de segurança que acompanham os deslocamentos de Bolsonaro. É uma espécie de Funk Ostentação do Esquadrão Caveira da Segurança Presidencial.

E, no entanto, um traficante estava na comitiva presidencial, num caso que vira um vexame internacional. Não é uma ocorrência corriqueira.

E, por óbvio, é preciso que se proceda a uma investigação rigorosa. Quem recrutou esse rapaz? Como foi a operação? Quais são os protocolos para definir essa equipe? Não basta dizer, como fez Hamilton Mourão, vice-presidente, que se trata de uma mula qualificada. Ainda que assim fosse, a questão está nas conexões da mula.

De Uol