Com ataques à imprensa, Trump dá início à campanha pela reeleição nos EUA

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Aos gritos de USA” vindos de uma multidão de 20 mil pessoas em Orlando, Donald Trump deu início à sua campanha de reeleição afirmando que os EUA “nunca viveram um momento melhor na história ”. E disse que considera seus apoiadores bem mais do que simples eleitores.

— É mais do que uma campanha política, é um movimento político, feito por patriotas como vocês — afirmou Trump, ao anunciar oficialmente o início de sua campanha.

Ao defender seu governo, disse que a economia causa inveja aos outros países. Ele ainda aproveitou para atacar a imprensa, dizendo que os seus críticos estão com as audiências cada vez mais baixas.

Trump disse que vai terminar o muro na fronteira com o México, uma das promessas de campanha em 2016. Ele ainda disse que vai combater a imigração irregular. O presidente dedicou tempo para atacar os democratas, especialmente a sua adversária na campanha de 2016, Hillary Clinton . Ele também disse que os democratas agem ” com ódio e raiva, com o objetivo de destruir o país “.

Em um ginásio acostumado a receber jogos do time de basquete local, o Orlando Magic, Trump quis dar uma demonstração de força em um estado considerado crucial para seus planos de permanecer na Presidência. Assim como nos jogos de basquete, a torcida era toda a favor. Havia os eleitores de primeira hora, quando Trump era tratado como um azarão até mesmo dentro do Partido Republicano. Também era possível encontrar eleitores que, em 2016, votaram em Bernie Sanders, mas acabaram mudando de lado. Não foram poucos os que citaram a economia americana e as ações contra a imigração como motivos para estar ali na noite de ontem.

Trump inicia o caminho à reeleição com uma popularidade de 40% , abaixo dos números de outros presidentes com o mesmo tempo de primeiro mandato. Obama, por exemplo, tinha 47% na pesquisa realizada entre 13 e 19 de junho de 2011. Já George W. Bush, ainda na esteira da Guerra do Iraque, tinha a apoio de 63% dos eleitores entre os dias 12 e 15 de junho de 2003. Os números são do Instituto Gallup. Vale destacar que os números do atual presidente nunca estiveram acima de 50%.

Um fator que pode ajudar Trump nessa corrida é o alto apoio entre os republicanos, 89% no mês passado, de acordo com o Gallup. Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2017, esse número jamais ficou abaixo de 80%. Mas apenas esse apoio não vai levá-lo muito longe.

— O apoio da sua base é extremamente forte, até mesmo se compararmos com outros presidentes republicanos em busca da reeleição. O desafio é aumentar a base e construir uma coalizão para que ele consiga um segundo mandato — afirma o estrategista político republicano Ryan Williams, que trabalhou na campanha de Mitt Romney à presidência, em 2012.

As pesquisas de abrangência nacional, usadas mais como referência para o clima político, mostram Trump derrotado por vários dos 23 pré-candidatos democratas . A eleição nos EUA usa o sistema de Colégio Eleitoral , com disputas definidas localmente e pesos diferentes para cada estado. No caso da Flórida, pesquisa divulgada ontem coloca Trump atrás de 6 dos nomes democratas. A maior vantagem é de Joe Biden: 50% a 41%. Trump venceu na Flórida em 2016 com 49% dos votos. O estado garante 29 votos no Colégio Eleitoral e, nas últimas 6 eleições, quem venceu ali acabou eleito para a Casa Branca.

Antes de embarcar para Orlando, o presidente — e, agora oficialmente, pré-candidato à reeleição — deu algumas declarações à imprensa sobre temas abordados no discurso horas depois. Ele garantiu “ estar preparado” para lidar com o Irã , um dia depois do Pentágono anunciar o envio de mais mil soldados à região do Golfo Pérsico. Apesar das declarações bélicas de integrantes do governo, como o secretário de Estado Mike Pompeo, Trump reluta em adotar uma posição mais enérgica. Nesta segunda-feira, ele declarou à revista Time que os ataques contra petroleiros na região do Estreito de Ormuz, atribuídos ao Irã, foram “incidentes menores”.

Ele também confirmou que a prometida ofensiva contra a imigração terá início na semana que vem. Na segunda-feira, Trump publicou no Twitter que o governo prenderia “ milhões de pessoas ” que estivessem em situação irregular no país. Nem ele, nem as autoridades migratórias deram detalhes sobre como e onde essas prisões seriam feitas. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, disse que a ameaça tem como objetivo “ amedrontar a comunidade ”.

— A nova ameaça de deportação em massa é um ato de extrema maldade e intolerância, pensado apenas para injetar medo em nossas comunidades — afirmou Pelosi.

Segundo números divulgados pelo Instituto Pew, há cerca 10,5 milhões de imigrantes em situação irregular nos EUA, correspondendo a 23% do total de estrangeiros no país.