Na Argentina, Macri despenca nas pesquisas e Cristina Kirchner dispara
Ainda faltam quase cinco meses para as eleições presidenciais de outubro na Argentina . Para um país que já teve cinco presidentes em uma semana, em dezembro de 2001, esse tempo é uma eternidade. Hoje, porém, a sensação instalada em amplos setores da população é de que a senadora e ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner (2007-2015) é favorita para o pleito que a terá como candidata à Vice-Presidência.
A vantagem de Cristina aparece nas primeiras pesquisas após o anúncio de que ela acompanhará seu ex-chefe de gabinete , Alberto Fernández , numa chapa que pretende incluir outros setores do peronismo e independentes. Uma delas, realizada pela Hugo Haime e Associados, dá 41% de intenções de voto para a já chamada dupla “Fernández-Fernández” e 28,5% para o presidente Mauricio Macri que, apesar de não conseguir reverter o ambiente de insatisfação social, mantém firme sua decisão de disputar a reeleição.
Macri está enfraquecido, e isso se percebe em conversas com analistas políticos, dirigentes, empresários e eleitores que apostaram no presidente em 2015 e hoje sentem-se frustrados. O chefe de Estado representou uma esperança de mudança e melhora nas condições de vida da população, mas isso não aconteceu. Indicadores sociais mostram que a pobreza aumentou (no último ano 2,65 milhões de pessoas passaram a viver abaixo da linha da pobreza) e basta caminhar pelas ruas de Buenos Aires para constatar. No Centro, pessoas dormem nas calçadas, em alguns casos famílias inteiras, e o número de pobres pedindo dinheiro na rua aumentou de forma expressiva nos últimos meses.
A Argentina acumula 11 meses de recessão e, apesar do otimismo do governo, que fala em retomada do crescimento a partir do segundo semestre, o fracasso econômico é o principal obstáculo para que Macri conquiste um segundo mandato. Paralelamente, é a maior força de Cristina.
— No primeiro turno de 2015, Macri alcançou 33% dos votos e só foi eleito com mais de 50% no segundo graças ao apoio de setores do peronismo e de eleitores independentes. Hoje, muitas dessas pessoas não estão mais dispostas a votar no presidente — afirmou o analista Hugo Haime.
Para ele, “Macri prometeu um Estado forte, apoio a pequenas e médias empresas e políticas de ajuda social que não chegaram”.
— Um dos elementos centrais da eleição é o voto dos que não se sentem representados pelos partidos, a classe média e média baixa que está apática e agora decepcionada com o presidente — explicou.