Vereador chamado de ‘fofinho” quer que Carluxo explique funcionários fantasmas
Um dia após ser chamado de “fofinho” pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) no plenário da Câmara Municipal do Rio, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) quer levar o filho do presidente Jair Bolsonaro ao Conselho de Ética da Casa.
O motivo da representação de Tarcísio são as suspeitas de que Carlos empregou funcionários fantasmas em seu gabinete. Para que o requerimento de processo disciplinar seja instaurado, ele precisa da assinatura de 21 dos 51 vereadores.
O pedido ocorreu nesta quinta-feira (27), um dia após o bate-boca entre o filho do presidente e o vereador do PSOL.
A discussão no plenário começou após o vereador Reimont (PT) cobrar uma explicação da Presidência sobre o militar da comitiva de Jair Bolsonaro preso com 39 kg de cocaína na Espanha.
“Seria muito leviano da minha parte culpar a Presidência da República. Mas seria omissão não exigir que a Presidência explique os fatos”, disse o petista.
Carlos pediu a palavra e criticou a fala de Reimont. No discurso, chamou o vereador de “zero à esquerda” e de “cabeça de balão”.
Neste momento, Tarcísio gritou pedindo respeito. O filho do presidente respondeu: “Respeito o cacete. Eu respeito quem eu quiser. E você tem que ir para a Venezuela fazer um regime porque está muito gordinho, tá bom?”.
Tarcísio tentou interromper a fala de Carlos pedindo questão de ordem, no que o vereador do PSC respondeu: “Relaxa, fofinho! Relaxa, fofinho!”.
O vereador do PSOL se voltou para o presidente da Câmara, Jorge Felippe (MDB), e reagiu. “Eu não vou aceitar, não vou aceitar ser chamado de fofinho, o senhor recomponha-se!”
O emedebista determinou que as palavras de “baixo calão” proferidas por Carlos deveriam ser retiradas das notas da Casa. O filho do presidente criticou.
“Se tem um vereador na minha frente que acusa meu pai, presidente da República de traficante de drogas, e o senhor vem falar pra mim que quer retirar as minhas palavras de baixo calão? Acho que o senhor não está sendo justo, com todo o respeito”, disse Carlos, ignorando o fato de que ninguém havia chamado o presidente de traficante.
Essa foi a segunda vez que Carlos usou o microfone da Câmara para discursar. A primeira, na semana passada, também foi para defender o pai num ponto da reforma da Previdência e criticar o “proselitismo” de outro vereador na crítica sobre o tema.
O requerimento de Tarcísio não menciona a discussão, embora apresentada no dia seguinte ao bate-boca. Ele afirma que as suspeitas apontadas pela imprensa de funcionários fantasmas no gabinete do vereador do PSC são “incompatíveis com o decoro parlamentar e configuram, em tese, crimes de peculato e falsidade ideológica, ilícitos administrativos e eleitorais, bem como improbidade administrativa”.
Em abril, a Folha revelou que Carlos empregou uma idosa que nega ter trabalhado para ele. Em maio, o jornal mostrou novo caso suspeito, mostrando que a babá do filho da ex-mulher de Jair Bolsonaro ficou lotada no gabinete do vereador por 18 anos.
Carlos Bolsonaro respondeu por suas redes sociais.
“O PSOL, braço do PT, entrará no conselho de ética alegando eu ter funcionários fantasmas baseados em notícias de jornal. Terão que provar! O regimento interno, a lei orgânica e fatos reais são soberanos. Eles sabem disso! Bastaria se informar! Próxima!”, escreveu o vereador.
De Folha de SP