Bolsonaro se recusou a se reunir com Raoni e Macron

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No encontro que tiveram em Osaka, na reunião do G20, o presidente Jair Bolsonaro ouviu uma proposta do presidente da França, Emanuel Macron:

“Você aceita se reunir comigo e com o Raoni [Metuktire, líder indígena]?”, perguntou o francês a Bolsonaro.

“Não”, respondeu de pronto o presidente brasileiro, explicando que Raoni “não representa o Brasil e sequer representa a comunidade indígena de onde veio”.

Líder da etnia kayapó, o cacique de 87 anos ganhou visibilidade internacional nas últimas décadas em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia.

Em maio, reuniu-se com Macron para promover sua luta contra o desmatamento da Amazônia e proteger o Parque Nacional Indígena do Xingu – reserva onde vivem vários povos indígenas – de madeireiros e do agronegócio. Raoni também foi recebido pelo Papa Francisco.

A conversa se deu na última sexta-feira (28), quando Bolsonaro garantiu a Macron que o Brasil vai honrar o Acordo de Paris, do qual é signatário. O compromisso do presidente foi apontado como fundamental para a assinatura do acordo Mercosul e União Europeia.

Logo após a eleição, Bolsonaro cogitou deixar o acordo climático, o que elevou a tensão nas relações com países como França e Alemanha onde há forte cobrança de cumprimento de normas ambientais.

Foi depois desta recusa a uma reunião com a presença de Raoni que o presidente Bolsonaro convidou Macron para sobrevoar a Amazônia, de Boa Vista a Manaus, cerca de uma hora e meia de voo “sem encontrar qualquer ponto de desmatamento”.

Ao revelar o diálogo com o presidente da França, “que começou mais tenso, mas o ambiente foi se desanuviando”, um assessor do Palácio do Planalto afirmou que o Brasil não vai mudar sua política ambiental, mas pretende mostrar que é cumpridor dos acordos firmados e da legislação como o Código Florestal.