Como Bolsonaro jogou contra a Reforma da Previdência

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É grande, muito grande a irritação dos líderes do Centrão com o recuo do presidente Jair Bolsonaro sobre os benefícios para policiais na reforma da Previdência.

Ontem, policiais civis, militares, federais, bombeiros, agentes penitenciários e representantes de carreiras correlatas fizeram manifestação no Congresso e na Praça dos Três Poderes chamando Bolsonaro de traidor pelo fato de o governo propor a reforma sem equiparar a categoria aos militares.

Hoje, Bolsonaro entrou pessoalmente em campo, ainda na tarde desta terça (2), para modificar trecho da reforma da Previdência que muda as regras de aposentadoria das carreiras de segurança.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a líderes que chega a pensar em desistir da reforma. Maia não só comanda a Câmara oficialmente.

Ele lidera informalmente o chamado Centrão, um grupo de cerca de 200 deputados de PP, DEM, MDB, PL, PRB e SD que tem determinado o rumo das votações no Congresso.

O Centrão está à frente das movimentações para aprovar a reforma ainda neste mês na Câmara.

O grupo primeiro reclamou do fato de o partido do presidente, o PSL, ter apresentado o maior número de emendas ao projeto de reforma igualando os benefícios dos policiais aos dos militares.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, intercedeu e o presidente pediu ao PSL para recuar.

Agora, com o Palácio voltando atrás, os outros partidos já começam a reclamar publicamente.

O presidente nacional do PRB, deputado Marcos Pereira (SP), que é vice-presidente da Câmara, disse ao blog:

“Se abrir para uma categoria todas as outras irão querer também. Se Paulo Guedes disser que quer voltar atrás, aí nos avaliaremos.” É uma forma de jogar o ministro contra o presidente.

“Isso é péssimo. Atrapalha muito”, disse ao blog o líder do Novo, Marcel van Hattem (RS).

“Na minha visão o presidente deveria era pedir voto da bancada toda para o projeto original da reforma”, argumenta.

Os partidos oficialmente contrários ao governo se aproveitam: “Se nem o governo, que defende a reforma, está satisfeito com a forma final do texto e o texto vai mudar, não é razoável começar uma votação sem saber o que se está votando”, disse o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), ao sair da reunião dos coordenadores de bancada na Comissão Especial da Previdência.

Em  outras palavras: a oposição vai tentar atrasar a votação. E os partidos do Centrão agora cobrarão um sinal claro do governo para manter o ritmo.

De UOL