Em 2019, Rio registrou um assalto em ônibus a cada meia hora

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Foto: Marcos Ramos / Agência O GLOBO

Mônica Lessa estava cochilando no ônibus quando foi acordada pelos gritos de um homem anunciando um assalto. O ladrão subiu no veículo e, sem passar pela roleta, avisou que estava armado. Obrigou um passageiro a recolher os celulares de todos que estavam a bordo, e, com os aparelhos em mãos, desceu em seguida.

A ação, que durou poucos minutos, aconteceu nesta quarta-feira de manhã, em um coletivo da linha 306 (Castelo-Praça Seca), e está longe de ser um caso isolado. A cada 30 minutos, um ônibus é atacado no Rio.

Enquanto caíram os números de roubos a pedestres, de carros e de cargas, nos cinco primeiros meses deste ano, a quantidade de passageiros que foram vítimas de ladrões explodiu. Foram registrados 7.466 roubos a coletivo, um aumento de 18,2% em relação ao mesmo período de 2018. O resultado é também o pior da série histórica iniciada em 1991, segundo dados do Instituto de Segurança Pública.

— Fiquei nervosa, porque faço esse trajeto há 20 anos e nunca tinha passado por isso. Temi porque o ladrão poderia querer fazer algo com o passageiro que estava recolhendo os celulares. Algumas pessoas estavam demorando para entregar. Eu nem vi se ele estava armado, mas não pensei duas vezes antes de entregar meu aparelho — contou Mônica, que fez comunicou o caso por meio do site da Polícia Civil.

As delegacias que mais registraram esse tipo de crime foram a 21ª DP (Bonsucesso), com 778 casos, a 59ª DP (Duque de Caxias), com 397 ocorrência, e a 7ª DP (São Cristóvão), com 348.

Especialista em Segurança Pública, o ex-chefe da Polícia Civil Fernando Veloso afirma que, diferentemente de outros crimes, o roubo em coletivos exige uma estratégia específica da polícia.

— Esses criminosos atuam no vácuo do policiamento, quando eles percebem que não há vigilância. É um crime difícil de reprimir sem uma estratégia específica — avalia.

Entre medidas que poderiam ser adotadas para reduzir o problema, Veloso cita a instalação de botões de pânico em coletivos e agilidade na troca de informações entre a polícia e o sistema de transportes, para que as imagens captadas nos veículos sejam transmitidas de forma mais rápida para a polícia.

Segundo o porta-voz da Polícia Militar do Rio, coronel Mauro Fliess, os números de roubos em coletivos em junho, e que ainda não foram divulgados oficialmente pelo ISP, mostram uma queda. O resultado parcial aponta que houve 1.122 registros de assaltos em coletivos no mês passado, uma redução de 17% em relação ao mesmo período em 2018.

— Essa queda sinaliza que as ações que a gente vem implementando, como reforço nos horários de maior circulação de veículos e policiamento em ônibus urbano, estão tendo sucesso e conseguindo reverter o quadro — afirmou o coronel.

De O Globo