Embaixador que chamou Trump de ‘inepto’ renuncia

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Foto: Alex Wong | AFP

O embaixador do Reino Unido em Washington, Kim Darroch, renunciou nesta quarta-feira (10), depois que o presidente Donald Trump o chamou de estúpido e maluco.

Memorandos confidenciais revelados no domingo mostraram que o embaixador considerava o governo Trump como inepto, disfuncional e desastrado.

“Desde o vazamento de documentos oficiais desta embaixada tem havido uma grande especulação sobre a minha posição e a duração do meu mandato como embaixador. Quero colocar um fim nessa especulação. A situação atual está tornando impossível para mim desempenhar minha função como eu gostaria”, disse Darroch, em sua carta de renúncia.

Darroch criticou Trump em cartas oficiais e confidenciais, que foram divulgadas pelo jornal The Sun. Nas cartas, que cobrem o período de 2017 até os dias atuais, Darroch escreve que o presidente americano “irradia insegurança” e recomenda a autoridades em Londres que a melhor forma de lidar com o mandatário é se comunicar de forma “simples, até mesmo incisiva”.

“Nós não acreditamos que este governo se tornará substancialmente mais normal, nem menos disfuncional, imprevisível, polarizador, desastrado e inepto”, afirmou Darroch em um dos memorandos, de acordo com o jornal.

Trump reagiu e disse que não trabalharia mais com Darroch. “O embaixador maluco que o Reino Unido impôs aos Estados Unidos não é alguém que nos empolgue, é um cara muito estúpido”, escreveu Trump em uma série de tuítes.

O presidente também criticou Theresa May, premiê britânica que renunciou ao cargo. “Sou muito crítico da forma com que o Reino Unido e a primeira-ministra Theresa May conduziram o brexit. Que desastre ela e seus representantes criaram”, disse o presidente em uma rede social.

A decisão do embaixador foi interpretada por muitos em Londres como uma rendição humilhante à pressão de Trump e com graves consequências para a diplomacia britânica.

“Se o Reino Unido não consegue proteger as comunicações diplomáticas e isso custa a carreira das pessoas, quando a única coisa que fazem é levar adiante os desejos do governo, vamos ver a qualidade dos nossos emissários se degradar e sua influência diminuir, o que vai enfraquecer nosso país”, considerou o presidente da Comissão Parlamentar de Relações Exteriores, Tom Tugendhat.

Depois de servir em Bruxelas de 2007 a 2011, Darroch chegou aos Estados Unidos em janeiro de 2016, antes da vitória de Trump nas eleições presidenciais no final daquele ano.

May lamentou sua decisão de deixar o cargo. “É muito lamentável que tenha considerado necessário abandonar seu posto de embaixador em Washington”, afirmou a premiê na sessão semanal de perguntas no Parlamento.

Na opinião da líder conservadora, “um bom governo depende da capacidade de seus funcionários de dar conselhos sinceros e completos”.

“Quero que todos os nossos funcionários tenham a confiança necessária para fazer isso”, insistiu.

O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, disse “lamentar a demissão de Kim Darroch” e chamou o Parlamento para lhe dar todo seu apoio por seus “serviços honoráveis e de qualidade”.

Já o ex-ministro das Relações Exteriores e grande favorito para suceder a May na liderança do Partido Conservador e do Executivo, Boris Johnson, evitou apoiar o diplomata na terça à noite durante um debate com Hunt pela televisão.

O governo britânico abriu uma investigação para encontrar o responsável pelo vazamento.

Da FSP