Ex-ministros da Ciência lançam manifesto contra governo Bolsonaro

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Foto: Júlia Barbon | Folhapress

“Vivemos hoje a maior das provações da nossa história”, afirmaram dez ex-ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação em oposição às medidas do governo de Jair Bolsonaro na área. A frase está em um manifesto assinado nesta segunda (1º) por titulares da pasta nos últimos 30 anos, a maioria deles em governos do PT.

Batizado de “A ciência brasileira em estado de alerta”, o encontro aconteceu na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

“Agravam-se os cortes orçamentários drásticos que poderão levar a um retrocesso sem paralelo na história da ciência brasileira, área essencial e crítica, tanto ao desenvolvimento econômico e social quanto à soberania nacional”, começa o texto de duas páginas.

Eles apontam como exemplos da “maturidade da ciência nacional alcançada nos últimos anos” as tecnologias em exploração de petróleo em águas profundas, pesquisas no setor da agricultura, a construção de um acelerador de partículas de terceira geração e a produção de aviões, entre outros.

Esta foi a quarta vez que titulares de ministérios de gestões passadas dão as mãos, em uma onda inédita de protestos contra medidas do governo Bolsonaro. Já houve iniciativas de ex-ministros do Meio Ambiente, da Educação e da Justiça.

Eles lançaram manifestos e fizeram atos públicos contra o que chamam de agenda de retrocessos em curso no país. Nas próximas semanas, iniciativas semelhantes devem ocorrer com políticos que lideraram as pastas de Cultura e de Saúde desde a redemocratização.

Entre os que assinam o manifesto estão os ex-ministros de Dilma Rousseff: Aloízio Mercadante (2011), Marco Antonio Raupp (2012 a 2014), Clélio Campolina (2014) e Celso Pansera (2015 e 2016), além de Roberto Amaral, do governo Lula (2003). O fato de serem todos homens e brancos foi pontuado por uma aluna da plateia.

José Goldemberg (Collor, 1990 a 1992), Sérgio Machado Rezende (Lula, 2003), Aldo Rebelo, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Ronaldo Sardenberg, que também assinaram o documento, não participaram do evento.

Segundo cálculo do grupo, as universidades federais, responsáveis por 95% da produção científica brasileira, tiveram neste ano 42% do seu orçamento anual contingenciado e 6.198 bolsas bloqueadas no mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Sem citar nominalmente o ministro atual, o astronauta Marcos Pontes, nem Bolsonaro, o documento diz que “não podemos concordar com as recorrentes manifestações, por parte das autoridades do governo, que negam evidências científicas na definição de políticas públicas”.

E conclui que “não se pode permitir a criação de condições que estimulem a evasão de nossos melhores cérebros” nem “a ausência de representantes da comunidade científica em comitês e conselhos governamentais”.

Da FSP