Ex-presidente francês depõe como testemunha a pedido de Lula

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Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes

O ex-presidente da França, François Hollande, prestou depoimento na semana passada como testemunha a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma investigação aberta no Brasil por tráfico de influência relacionada com a venda de caças franceses, na qual também foi convocado o seu predecessor, Nicolas Sarkozy.

O jornal “Le Canard Enchaîné” indicou nesta quarta-feira que os policiais franceses da brigada financeira pretendiam interrogar no último dia 4 de julho os dois ex-chefes de Estado em um procedimento iniciado pela Justiça brasileira em relação às negociações para a venda de aviões de combate Rafale, que não chegou a ser concretizada.

Hollande aceitou responder aos investigadores no seu escritório em Paris, enquanto Sarkozy se negou, se amparando no artigo 67 da Constituição francesa, que permite a um ex-presidente rejeitar esse tipo de convocação.

Tudo isso aconteceu no marco de um processo de cooperação penal internacional da Justiça brasileira, segundo o jornal. No entanto, a Promotoria Nacional Financeira francesa não quis confirmar o fato nem fazer nenhum comentário.

A defesa de Lula indicou em março de 2017 que tinha solicitado a participação de ambos ex-presidentes franceses como testemunhas para provar sua inocência diante das acusações de que, quando já tinha deixado a presidência para que Dilma Rousseff assumisse, intercedeu a favor da empresa sueca Saab para a compra de 36 caças.

A França foi candidata com seus Rafale à licitação do Brasil, que começou em 2001 e foi adiada várias vezes até concretizar-se em 2014.

Segundo “Le Canard Enchaîné”, em uma visita a Brasília em setembro de 2009, Sarkozy e Lula estabeleceram um princípio de acordo para a venda de 36 Rafale avaliados em 4,5 bilhões de euros, mas depois as negociações travaram.

Hollande, que chegou à presidência em maio de 2012, tentou retomar a operação, mas em um encontro em Paris com Dilma em dezembro daquele ano, esta disse que seu governo tinha decidido atrasar sua decisão, que acabou sendo a favor das caças do fabricante sueco Saab.

O jornal semanal afirma que os dois ex-presidentes franceses ainda podem voltar a ser convocados por outras negociações com o Brasil para a venda de submarinos de tipo Scorpène

. O contrato, estimado em 6,7 bilhões de euros, foi assinado no final de 2008 e segue em vigor. EFE

Do UOL