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Prêmio internacional destaca liberdade de imprensa

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O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), organização independente de defesa da liberdade de expressão, anunciou nesta terça-feira (16) que a edição deste ano do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa irá homenagear jornalistas do Brasil, da Índia, Nicarágua e Tanzânia.

A laureada brasileira é a repórter especial e colunista da Folha Patrícia Campos Mello. Também foram agraciados a jornalista investigativa indiana Neha Dixit, os nicaraguenses Lucía Pineda Ubau e Miguel Mora, e o tanzaniano Maxence Melo Mubyazi. A premiação é entregue desde 1991 em Nova York.

“Os vencedores do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2019 representam o melhor do jornalismo, pessoas que colocaram suas vidas e sua liberdade na linha de frente para nos trazer as notícias. Enquanto celebramos a coragem deles, lamentamos que isso seja necessário”, afirmou o diretor executivo do CPJ, Joel Simon.

“A triste realidade”, continua ele, “é que em todo o mundo o jornalismo independente é ameaçado por populistas autoritários que desdenham e menosprezam o trabalho da imprensa independente. Isso é verdade nos países representados por nossos homenageados e em muitos outros”.

Segundo a nota do CPJ que apresentou os vencedores deste ano, Campos Mello foi “atacada e exposta na internet em resposta à sua cobertura sobre o suposto patrocínio de mensagens massivas no WhatsApp por apoiadores do então candidato presidencial Jair Bolsonaro”.

Os ataques começaram após a publicação da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, em 18 de outubro do ano passado.

O WhatsApp da jornalista foi hackeado, e ela recebeu duas ligações telefônicas de número desconhecido nas quais uma voz masculina a ameaçou.

As ameaças também se alastraram por grupos de apoio a Bolsonaro no WhatsApp. Foram distribuídas mensagens convocando eleitores do candidato para confrontar Patrícia no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado por ela.

“Na realidade, esse prêmio é para todas as jornalistas que sofrem intimidação, e para a Folha, que mantém a independência apesar de todas as pressões”, afirma Campos Mello.

​A indiana Neha Dixit, especializada na cobertura de direitos humanos, sofreu ameaças físicas e jurídicas, além de assédio nas redes sociais, após relatar a má conduta da polícia e de grupos da extrema direita na Índia.

Pineda Ubau e Mora são diretora e editor, respectivamente, da emissora de TV 100% Notícias, um dos mais proeminentes veículos de mídia independente na Nicarágua, país que enfrenta um aumento da violência estatal um ano após o início dos protestos contra o ditador Daniel Ortega. Os dois jornalistas ficaram seis meses presos, isolados e sob vigilância, por sua cobertura das manifestações.

Maxence Melo Mubyazi é cofundador e diretor do Jamii Forums, um dos principais sites de discussão online na Tanzânia. Em 2017, compareceu 81 vezes em tribunais após ser processado sob a Lei de Crimes Cibernéticos. Instituída pelo governo em 2015, na prática a legislação expandiu os poderes de vigilância estatal na internet.

De Folha de SP