STF foi conivente com abusos da Lava Jato, diz ex-presidente da Corte

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Foto: Fernando Moraes | UOL

Nelson Jobim é uma figura raríssima no país. Conhece por dentro os Três Poderes porque teve passagens expressivas por todos eles. Indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ficou nove anos no STF (Supremo Tribunal Federal) e chegou a presidi-lo. Em sua opinião a corte máxima da justiça brasileira falhou ao não conter excessos da Lava Jato no início da operação.

Os diálogos revelados pelo “The Intercept Brasil” comprovam, na avaliação de Jobim, que a operação cometeu abusos e que o ministro da Justiça, Sergio Moro, teve uma conduta inadequada como juiz federal no Paraná.

Para o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, a corte máxima da justiça brasileira falhou ao não conter excessos da Lava Jato no início da operação. Em sua avaliação, os diálogos revelados pelo “The Intercept Brasil” comprovam que a operação cometeu abusos e que o ministro da Justiça, Sergio Moro, teve uma conduta inadequada como juiz federal no Paraná.

“No início, foi leniente. Ou seja, tolerou os exageros, os abusos que foram cometidos e agora estão ficando muito claros com essa história do Intercept. Houve casos de erros crassos, que depois acabaram se resolvendo. Agora o tribunal está começando a ter uma posição, digamos, mais garantista.”

Antes de ser indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Jobim, que é advogado, teve participação relevante como deputado federal pelo PMDB na elaboração da Constituição de 1988 e foi ministro da Justiça no governo FHC. Depois da passagem pelo Judiciário, foi ministro da Defesa nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT).

Na avaliação de Jobim, os processos da Lava Jato contra Lula “são controversos em termos de prova”. Segundo o ex-presidente do STF, que diz acreditar na inocência do petista, os militares ficaram ressentidos com setores do PT por causa do trabalho da Comissão da Verdade durante o governo de Dilma Rousseff.

Aos 73 anos, o gaúcho de Santa Maria vem de uma família de políticos conservadores e é homem de diálogo. Continua filiado ao MDB, mas diz que não volta à política. Atualmente, é sócio do banco BTG Pactual, onde entrou como diretor para reorganizar a área de compliance da instituição financeira.

Do UOL