Assessor de Bolsonaro chama defesa da Amazônia de retórica vazia

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Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Em uma sequência de mensagens em inglês postadas no Twitter e replicada pelo presidente Jair Bolsonaro, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe G. Martins, criticou “a retórica vazia, histérica e enganosa da grande mídia, burocratas transnacionais e ONGs” sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

“Então você acha que a Amazônia está em perigo e que você deveria orar para salvá-la? Um conselho: a primeira coisa que você deve fazer é parar de espalhar mentiras, já que mentir não prejudica apenas os esforços reais para proteger nossa floresta, mas também compromete suas orações — Deus não gosta de mentirosos”, escreveu Martins na manhã de hoje.

Martins afirma que o Brasil “sabe como proteger e tomar conta do que é nosso”, e cita dados ambientais para justificar sua posição, como o de que mais de 60% do território do país é coberto por vegetação nativa e apenas 29% são ocupados pela agricultura.

O assessor para assuntos internacionais também se valeu de dados de desmatamento do início do século para argumentar que a perda de floresta está caindo.

“Quando se trata do desmatamento na floresta tropical brasileira, há uma clara tendência de queda a longo prazo. De fato, a taxa anual de desmatamento na Amazônia brasileira diminuiu de 27.700 km2 em 2004 para 7.500 km2 em 2019, representando uma redução de 72%”, escreveu Martins.

O assessor omite, no entanto, que a queda vertiginosa no desmatamento se deu entre 2004 e 2012, voltando a aumentar a partir de então.

Entre 2015 e 2018, a taxa de desmatamento da Amazônia Legal subiu quase que anualmente (com exceção de 2017). No ano passado, a área desmatada foi de 7.900 km2 (aumento de 13,7% em relação a 2017) e as projeções para este ano, a partir de dados do Inpe, indicam que a perda da floresta terá novo crescimento.

Martins também criticou países estrangeiros, sem nomeá-los (“por cortesia diplomática”), afirmando que “como qualquer pessoa informada sabe, as emissões de gases de efeito estufa como resultado do desmatamento na floresta amazônica são amendoim em comparação com o nível de emissões em outros países”.

De O Globo