Bolsonaro diz que não vai demarcar terras indígenas

Todos os posts, Últimas notícias
Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta sexta-feira, que seu governo está “trabalhando” em prol de um projeto que regule a exploração racional da Amazônia, mas que antes precisará vencer a guerra de informação na questão ambiental. Além disso, Bolsonaro disse que não irá demarcar nenhuma terra indígena até o final de sua gestão porque esses territórios já representariam, segundo ele, 14% do território nacional.

“Enquanto eu for presidente, não tem demarcação de terras indígenas e já têm 14% em território nacional. O que são 14%? Imagina a região Sudeste: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Uma área maior do que essa já é terra indígena. Já não é terra suficiente? Ontem estive de novo com um grupo indígena lá na Presidência, eles querem a liberdade para trabalhar na sua área, não querem viver como se fosse num confinamento para seres pré-históricos”, disse.

Bolsonaro falou novamente sobre a decisão da Noruega de congelar novos repasses ao Fundo Amazônia, reserva de capital estrangeiro gerida pelo BNDES e destinada a ações de preservação ambiental e combate ao desmatamento. Na versão do presidente, a Amazônia estava sendo vendida “à prestação” para outros países e os governos anteriores só conseguiam fazer acordos internacionais se aceitassem fazer a demarcação de terras indígenas, o que implicaria, de acordo com ele, em perder controle do território nacional.

“O que eu entendo. Desde que eu era tenente do Exército, o pessoal está comprando à prestação o Brasil. A compra no passado era também demarcando terras. O Brasil só fazia acordo lá porque, todos os governos anteriores, sem exceção, em troca de abrir mão de sua soberania, demarcavam mais terras indígenas, criando parques. Em 61% do Brasil você não pode fazer nada. Estão acabando com o Brasil, pô. Se eu fosse fazendeiro, eu não vou dizer o que eu faria, não, mas eu deixaria de ter dor de cabeça”, disse.

Interino para PGR

Bolsonaro admitiu também que seu governo cogita colocar um nome interino no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) até que ele tome uma decisão final sobre um novo indicado para comandar o órgão O presidente disse que deve passar “um pouquinho” do prazo para a escolha do novo procurador e que isso não é uma preocupação do governo.

“Alguns nomes estão no mesmo nível, por isso da dificuldade. Vou passar um pouquinho mais, não tem pressa. Quem vai substituir a Raquel Dodge, se até lá não tivermos um nome, é uma pessoa tranquila, equilibrada. O outro era o irmão do Flavio Dino, do PCdoB, então está tranquilo. Não tem que ter pressa. Se até lá eu não indicar ou indicar e não for sabatinado, assume o interino”, disse. “Não (preocupa), de jeito nenhum”, complementou.

O presidente também minimizou notícias de que procurador Deltan Dallagnol usou o prestígio obtido como coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba para tentar emplacar nos bastidores o procurador regional da República Vladimir Aras, seu aliado no MPF (Ministério Público Federal), como o novo comandante da PGR. “Não sei se é verdade essa informação, o Aras continua no páreo”, respondeu.

Bolsonaro voltou a defender um novo perfil para o comandante do Ministério Público. Segundo ele, não adianta o indicado ser um combatente ferrenho da corrupção se ele também for um “xiita” na questão ambiental e de minorias. “Vou repetir para vocês. O MP não é apenas combate à corrupção. Você coloca um cara para combater a corrupção, mas na questão ambiental ele é um xiita, não pode fazer nada no Brasil. A questão de minorias, questão indigenista, licenças ambientes, poxa, está amarrado, o Brasil não vai para a frente”, afirmou.

O presidente disse, mais uma vez, que as leis foram feitas para proteger as maiorias e não o contrário. “Se é para proteger a minoria, vamos proteger o assassino, o serial killer, eles são minorias. Eu não sou politicamente correto e ponto final, já sabiam que eu era assim”, disse.

Do Valor