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Conservadores abandonam Bolsonaro e pedem Luciano Huck

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As declarações do apresentador de TV Luciano Huck dissociando o presidente Jair Bolsonaro da ‘renovação política’ o colocaram novamente como um candidato à Presidência da República para 2022. A avaliação é do professor e pesquisador Marco Antônio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas.

Para Teixeira, Huck aproveita o momento para “testar o ambiente”. “Há uma lacuna enorme entre o que está se transformando o bolsonarismo e o antibolsonarismo, que está restrito ao PT”, afirmou o professor.

Na quarta, Huck disse que não acredita que o governo de Bolsonaro seja “o primeiro capítulo da renovação”. “Para mim, estamos vivendo o último capítulo do que não deu certo“, disse em um evento que teve a participação do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung.

Hartung foi um dos principais articuladores de um movimento para que Huck fosse um candidato “outsider” na eleição presidencial do ano passado. O ex-governador chegou a ser cotado como vice numa possível chapa, mas o apresentador declinou e não concorreu.

Segundo Marco Antônio Teixeira, candidatos com um discurso “acima dos conflitos” e que busquem um processo de construção para dar outros rumos ao País terão espaço e visibilidade em 2022. “Acredito que Huck tenha lastro político, tenha apoios na chamada classe média formadora de opinião, até pelo próprio movimento que lidera (ele integra o movimentos de renovação política RenovaBR e Agora!) e talvez seja objeto de desejo de grandes partidos, como PSDB e DEM”.

Centro

Há ainda outros nomes que se colocam na disputa por um espaço ao centro, como Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Para Marco Antônio Teixeira, é preciso entender “o que é o centro” hoje em dia.

“Ao meu juízo, (o centro) é não fomentar conflitos e buscar a construção de acordos. Nesse aspecto, talvez Maia e Huck tenham mais condições de ocupar o espaço. Doria tem grande chance, mas precisa se desvincular da armadilha do conflito político pela via da polarização”, afirmou.

Oposição

Para o pesquisador, a esquerda tem errado ao não fornecer, até o momento, alternativas viáveis no debate político. Ele diz que não vê, por exemplo, dentro do principal partido de oposição, o PT, a emergência de uma nova liderança política.

“Ou a esquerda aprende que política é soma, inclusive com os diferentes, ou corre o risco de continuar no gueto. Se continuar no gueto, vai continuar com 20, 25, 30% de apoio, mas com rejeição muito grande. E aí não consegue se colocar de maneira factível para 2022”, afirmou.

“(A esquerda) caiu na armadilha do Lula livre, sobretudo o PT. Ao priorizar a agenda Lula livre, esqueceu que tem um país rodando, com desemprego, com o problema do desmatamento, do agrotóxico, e pouco se coloca nesse debate”.

De Estadão