Dilma explica como a direita ‘troglodita’ chegou ao poder

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Foto: RBA

A ex-presidenta Dilma Rousseff é a convidada de Juca Fouri no programa Entre Vistas desta quinta-feira (8), às 22h, na TVT. Ao apresentá-la, Juca refere-se a Dilma como símbolo de luta, resistência e superação – na vida pessoal e na vida pública. E lembra aos desavisados que a palavra “presidenta” está consagrada nos dicionários da língua portuguesa muito antes de essa presidenta nascer. “Se você é ignorante ou ignoranta e acha que por presidenta só aqueles que são do PT tratam a presidenta, paciência.”

Juca classificou a entrevista como um dia de glória. “Que trio!”, disse, em referência às três últimas convidadas do programa da TVT: a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que foi ao ar na edição do último dia 25; a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, também deputada (Psol-SP), na semana passada; “E agora o programa coroa (essa série) com Dilma Rousseff, que de coroa não tem nada, aliás está uma presidenta muito bonita, diga-se de passagem”, fecha o apresentador. “Coroíssima”, riu Dilma.

Atuando como uma espécie de embaixadora da resistência democrática, a ex-presidenta tem participado de eventos no exterior, onde são analisados os fenômenos da ascensão extremista. O neoliberalismo, teoria segundo a qual o Estado deve ter seu papel reduzido na organização das sociedades em benefício do mercado (sobretudo o financeiro) e dos interesses individualistas, não conseguiu prosperar de maneira civilizada, explica Dilma. Para ela, fracassou tanto nas democracias mais evoluídas da Europa como em países como o Brasil.

Ao não dar respostas às necessidades da população durante os governos ditos social-democratas de Fernando Henrique, o modelo acabou derrotado quatro vezes seguidas nas urnas. E seus defensores acabaram tomando o caminho da violação das regras republicanas.

A ex-presidenta lembra que foi forçada por um impeachment a deixar seu mandato em 2016. Foi contundente nas respostas e dura nas palavras contra o governo que classifica de neofascista – e Juca chama de troglodita –, assim como contra os neoliberais, tanto os que o sustentam no poder, quanto os que, sem entender as consequências, tentaram surfar nos golpes.

Impeachment, lawfare

“Para implantar o neoliberalismo, que perdeu quatro eleições consecutivas, foi necessário um golpe de Estado, um impeachment sem crime de responsabilidade, um processo de lawfare e de perseguição aberta ao principal líder popular; e o aprisionamento para impedir que ele fosse candidato”, resume. “Além disso, (houve) a destruição do arco democrático que emergiu da Constituinte de 1988. Destruíram o PSDB, destruíram o PMDB. E o Centrão continua sendo o que é: um conjunto de partidos que nunca teve a possibilidade de chegar ao poder por si mesmo.”

Dilma falou ainda sobre a posição cada vez mais desfavorável do Brasil no tabuleiro econômico internacional, lamentou a privatização de setores da Petrobras e a venda da Embraer ao capital estrangeiro, uma dor pessoal. “Estamos vendendo o presente e o futuro. E o passado de criação tecnológica de alta qualidade.”

Participam do programa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, e a jornalista Vivian Fernandez, do Brasil de Fato, ambos com ênfase no diálogo sobre as agressões à soberania e as possibilidades de resgate futuro.

Dilma tem presença bem-humorada, mas com falas de poucas pausas, observadas pela ironia de Juca Kfouri: “Muitíssimo obrigado por essa conversa tão esclarecedora, por ter falado tão pouco”.  “Eu sou uma pessoa contida”, devolve a presidenta, entre risos, afirmando que “depois de velha” ficou mais contida. “Quero chegar à sua idade desse jeito”, disse Juca.

A entrevista foi gravada na semana passada, portanto, não aborda a tentativa (derrotada) da Polícia Federal de Sergio Moro de transferir Lula de Curitiba para São Paulo. Assista ao Entre Vistas com Dilma Rousseff a partir das 22h no canal 44.1 da TVT, na Grande São Paulo, no canal da emissora no YouTube ou aqui, na RBA.

Da RBA