Estudantes do Cefet, no Rio, barram interventor de Bolsonaro

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Foto: ELIKA TAKIMOTO

Alunos e professores do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio de Janeiro impediram hoje (19) o interventor Maurício Aires Vieira de assumir o posto de diretor-geral na instituição. Eles fizeram uma barreira humana na sala da direção e outras áreas da escola. Vieira acabou deixando o local após 30 minutos de sua chegada. Ele é assessor do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ignorou a eleição interna da escola federal, vencida pelo professor Maurício Motta. Há dez anos, o governo federal vinha respeitando a escolha da comunidade escolar. A professora coordenadora de Física do Cefet, Elika Takimoto, destacou que esse tipo de intervencionismo “não é um problema do Cefet, mas do Brasil”.

Segundo a professora, a instituição jamais deu problemas em termos de educação ao governo, tendo evoluído significativamente nos últimos anos e passado também a ter cursos universitários, mestrado e doutorado. “Nunca nos opusemos a nada. Eles mexeram com quem não deveria ter mexido. Isso é fruto desse governo autoritário que nós estamos tendo, que mostra o tempo todo que não estamos em uma democracia, que as instituições não são respeitadas”, afirmou Elika. Ação é mais uma demonstração de resistência dos estudantes, que na semana passada protestaram em todo o país contra os cortes no orçamento da educação e o programa Future-se.

Elika relatou que o professor não tem qualquer relação com o Cefet e desconhece por completo a instituição. Ela contou que os estudantes bloquearam os acessos e impediram que ele tivesse acesso à diretoria. “Ele entrou em uma sala da procuradoria, se reuniu com quem nós escolhemos para ser diretor-geral, mas os estudantes não deixaram ele em paz, fizeram muito barulho e ele saiu pela porta dos fundos. Tentou saber um pouco sobre o que é o Cefet, mas ninguém aqui vai ser solícito a ele”, relatou a professora.

Vieira ocupava o cargo de assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Educação, há três meses. Antes, foi vice-reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Segundo Elika, a indicação pode ser parte da estratégia para implementação do programa Future-se no Cefet, já que a unidade é considerada modelo no sistema educacional. “É uma tentativa de acabar com a nossa autonomia. Nós ainda não temos um posição definida sobre o Future-se, mas já há muita resistência ao programa”, destacou a professora.

Os professores estão realizando uma assembleia neste momento para definir a ação do corpo docente do Cefet. Amanhã haverá uma outra assembleia com toda a comunidade escolar, no campus Maracanã. Confira abaixo a ação dos estudantes:

Da RBA