Líder indígena fala em matar garimpeiros para defender terras
Respeitado internacionalmente, o líder indígena Davi Kopenawa diz estar preocupado com os notícias que ouve de Brasília e com o que vê, diariamente, em sua terra.
Kopenawa é a principal liderança do povo ianomami , que vive em uma área de 9 milhões de hectares no extremo Norte do país. Ele convive, desde a infância, com a cobiça pelo ouro extraído por garimpeiros ilegais em suas terras. Agora, tenta reagir às declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que defende a mineração em terras indígenas e que disse querer a instalação de diversas “Serras Peladas” pelo Brasil .
Em entrevista ao GLOBO, Kopenawa diz ser contra a mineração em suas terras e faz um alerta sobre a possibilidade de mortes com o aumento de garimpeiros em terras indígenas.
O presidente Jair Bolsonaro vem repetindo a sua intenção de abrir as terras indígenas para a mineração. Qual a sua opinião sobre isso?
A minha opinião, e eu não estou sozinho nisso, é a opinião de todos os povos ianomâmi, é que a gente não quer mineração em terra indígena. A mineração não vai trazer nenhum benefício para o índio. Nenhum benefício para o ianomâmi. Só vai trazer coisa ruim. Doença, rio poluído e violência.
Você tem medo de que esse discurso cause a morte de mais indígenas como ocorreu no massacre de Haximu, em 1993?
O governo dele (Bolsonaro) não vai matar com arma de fogo. Eu estou preocupado porque isso vai acabar matando o meu povo com doença. É isso que eu estou preocupado. Agora, se aumentar muito o número de garimpeiros na nossa terra, vai dar morte. Morte de garimpeiro e morte de ianomâmi. É isso que vai acontecer. Ninguém vai morrer sozinho. Nós morreremos e os garimpeiros morrerão na floresta. E as famílias deles vão sofrer como as nossas estão sofrendo.
(Nota: o massacre de Haximu aconteceu na Terra Indígena Ianomami, em 1993. Garimpeiros que atuavam ilegalmente na região mataram 16 índios).
De OGlobo