Macron dá show no G7, enquanto Bolsonaro é motivo de piada

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Foto: PR/Clauber Cleber Caetano

O jornal Libération desta segunda-feira (26) destaca as atitudes do presidente Emmanuel Macron durante o G7 que termina hoje em Biarritz, no sudoeste da França. Falando de um “Macron Show”, a publicação descreve como o presidente francês, ao escolher falar dos incêndios na Amazônia e provocar um encontro entre o chanceler iraniano e os demais líderes mundiais, fez o interesse pelo evento crescer no mundo todo.

“Macron voltou a suar a camisa”, escreve o jornalista Jonathan Petersen. O presidente francês esteve de fato em destaque durante todo o G7 de Biarritz ao colocar um novo assunto no centro dos debates – os incêndios na Amazônia -, além de buscar novas discussões com o Irã sobre o acordo nuclear.

Mas, segundo o Libé, Macron precisou de muita rapidez para se adaptar as atitudes inesperadas de seu mais famoso convidado, o americano Donald Trump. “Foi só o Eliseu subentender que o presidente francês iria, ao final do G7, transmitir uma mensagem em nome de todos ao Irã, para que Trump avisasse que ninguém pode falar pelos Estados Unidos, a não ser ele”, relata Petersen.

Ele lembra que antes mesmo do início do evento, Macron já havia conseguido chamar a atenção graças um conflito a distância, mas frontal, com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O líder francês chegou a dizer que “somos todos da Amazônia”, antes de ser chamado de “colonialista” por Bolsonaro.

Nenhuma declaração conjunta

Apesar do embate entre o Brasil e a França, Libé lembra que a mobilização a favor da Amazônia, com a liberação de meios técnicos e financeiros que não estavam previstos, será pelo menos um resultado positivo conseguido no G7. No entanto, o jornal destaca que ainda será preciso esperar para se ver a criação de uma taxa mundial de empresas. “Nenhuma declaração conjunta deve ser esperada nesta segunda-feira”, havia declarado o presidente francês.

Tivemos um “ativismo inédito, mas que no fundo não é muito eficaz”, escreve Petersen. Apesar do evento ser um encontro de países que somam 40% do PIB mundial, somente 10% da população se vê representada ali.

Libération desta segunda-feira traz também uma crônica do jornalista Daniel Schneidermann, onde o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, assim como Donald Trump, é visto como um “artista cômico”. Primeiro ao cancelar um encontro diplomático para cortar o cabelo. Depois, ao dizer que basta comer um pouco menos e “fazer cocô dia sim, dia não” para ajudar o meio ambiente. “Mas será que ao denunciar ONGs pelos incêndios causados na Amazônia, Bolsonaro também está fazendo piada”, questiona ironicamente Schneidermann.

Comunicação “bullshit”

“Trump e Bolsonaro são as mais claras manifestações da comunicação política pós-propaganda, pós-fake news e que só pode ser chamada de bullshit (em português, papo furado). Ao contrário da propaganda ou até mesmo das fake News, a comunicação bullshitnão tenta esconder, maquiar, inverter ou dissimular uma verdade. Não há mais nenhuma relação com a verdade”, explica o colunista.

“É possível que Bolsonaro e Trump sejam o retrato do futuro, porque frente à catástrofe que nos aguarda, a atitude de negar a realidade usando o humor e a provocação parece ser a opção mais natural. Provavelmente as civilizações que desapareceram no passado também foram marcadas por comportamentos erráticos, irracionais, que não se preocupavam com a eficácia e nem com a sobrevivência”, conclui Schneidermann.

Da RFI