Marcio Mercante / Agencia O Dia; Juliano Vieira

“Witzel é oportunista diante da tragédia”, diz deputada

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Marcio Mercante / Agencia O Dia; Juliano Vieira

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) estava na ponte Rio-Niterói no momento em que ocorreu um sequestro a um ônibus que paralisou a via e terminou com a morte do sequestrador. Ela falou à Sputnik Brasil sobre o incidente que ocorreu nesta terça-feira (20).

etrone, que já foi vereadora em Niterói, estava indo em direção ao aeroporto para voltar à capital Brasília quando o sequestro fechou a via e a impediu de pegar o voo.

“Em um fato excepcional como esse, que é diferente de uma ação cotidiana nas favelas – eu não sei exatamente como foi porque eu estava no local e não consegui acompanhar as reportagens – mas acho que os agentes da segurança pública devem mediar o conflito protegendo o máximo de vidas possíveis”, diz a deputada federal em entrevista à Sputnik Brasil.

O sequestro foi transmitido ao vivo pela internet permitindo ver a comemoração das pessoas no local quando o sequestrador foi morto por um atirador de elite. O sequestrador, William Augusto Nascimento, tinha 20 anos e trabalhava como vigilante. Nenhum refém ficou ferido.

“É desesperador ver que pessoas comemoram a morte de alguém, comemoram a barbárie. Estamos todos felizes que nenhum refém saiu ferido, mas há uma morte. Se houve a necessidade ou não, temos que avaliar tecnicamente, mas há uma morte e isso expressa a barbárie que estamos vivendo no Rio de Janeiro. Não há nada a se comemorar com o fato de hoje mais cedo”, diz.

Para ela, é possível que o homem não estivesse em condições psicológicas normais.

“Um homem que pega uma arma de brinquedo e sequestra um ônibus com uma faca é um homem que não está no seu estado psicológico [normal]. É uma questão de adoecimento, isso não tem que ser comemorado, a morte desse homem não tem que ser comemorada”, diz.

A deputada afirma que a avaliação técnica do ocorrido deve ser feita depois para avaliar se a morte do sequestrador foi ou não necessária, mas enfatiza que não concorda com a comemoração de uma morte.

“O que eu acho é que sempre que se perde uma vida, adiante, é um fato que não deve ser comemorado”, aponta.

Talíria Petrone também condenou a postura do governador do estado, Wilson Witzel, que após a morte do sequestrador chegou à ponte Rio-Niterói de helicóptero e desceu da aeronave comemorando com os braços.

“Para mim é a coisa mais lamentável, comemorando como se estivesse em um jogo de futebol. Um sequestro de um ônibus por uma pessoa possivelmente com problemas de saúde mental que deixou 31 pessoas em pânico e que resultou em uma morte. E o governador balança os braços no alto como se tivesse ganho um jogo de futebol. Isso é brincar com a vida dos moradores do Rio de Janeiro”, afirma.

Uso político do caso?

A deputada federal do PSOL teme que o governador utilize o caso do sequestro desta terça-feira (20) para justificar sua política de enfrentamento no estado do Rio de Janeiro. A letalidade policial no estado durante os primeiros seis meses do governador foi a maior em 17 anos.

Para ela, Witzel está sendo oportunista com a forma como agiu diante do ocorrido, chegando de helicóptero no local e concedendo entrevista coletiva ainda na ponte Rio-Niterói. Durante a entrevista, Witzel relacionou a morte do sequestrador com a ação da polícia nas favelas do Rio de Janeiro.

“Eu acho que o governador está comparando o que ele faz nas favelas com o que aconteceu hoje. Acho que são fatos que não são comparáveis a princípio”, explica.

“Isso mostra tanto um oportunismo diante de uma tragédia – é um governador que é oportunista diante de uma tragédia. E também uma comparação impossível de ser feita. Você não compara um sequestro com a situação que hoje é vivenciada por quem mora nas favelas do Rio de Janeiro”, diz.

A deputada acrescenta que essa letalidade policial no estado não ocorre em áreas controladas pelas milícias.

Witzel ganhou manchetes com suas falas polêmicas sobre a ação policial. Em uma delas, descreveu a ação de snipers contra traficantes logo após ser eleito, em 2018, quando afirmou que “A polícia vai mirar na cabecinha e… fogo”.

“É preciso ver como foi a ação policial tecnicamente. Mas a princípio o que eu acho é que dizer que vai fazer na favela o que fez hoje nesse trágico fato, mostra no mínimo, como ponto de partida, um desconhecimento técnico do que é segurança pública. Um sequestro não é a situação que a gente vive no Rio de Janeiro nas favelas”, afirma.

“Infelizmente o que o governador hoje tem implementado no Rio de Janeiro é uma política da morte”, lamenta.

De Sputniknews