Bolsonaro corta 34% da verba de combate a incêndios em 2020

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Foto: Isac Nóbrega e Fernando Frazão

Mais do que falta de capacidade para resolver a crise na Amazônia, Jair Bolsonaro (PSL) não tem honestidade quando se trata dos incêndios na parte brasileira da floresta. Em pronunciamento nacional no dia 23 de agosto, o presidente – muito chegado às fake news – prometeu “tolerância zero” com o crime ambiental, mas agora envia uma proposta de orçamento do Governo Federal com um corte de 34% na verba para combate a incêndios em 2020.

No próximo ano, o Ministério do Meio Ambiente(MMA), comandado pelo ruralista e condenado na Justiça Ricardo Salles, terá uma queda de cerca de 10% nos recursos, segundo reportagem do O Globo. Em 2018 foram destinados R$ 625 milhões para pasta e, agora, serão R$ 561 milhões pela proposta apresentada por Bolsonaro. Com isso, mesmo diante da crise de queimadas na Amazônia, a verba voltada para a prevenção e controle de incêndios florestais será reduzida dos atuais R$ 45,5 milhões para somente R$ 29,6, totalizando um corte de 34%.

A redução, inclusive, se soma ao congelamento de parte dos atuais R$ 45,5 milhões. Neste ano, o Ministério do Meio Ambiente contingenciou 29,6% do orçamento voltado ao tema: dos R$ 45,5 milhões, R$ 13,5 milhões estão congelados, sem possibilidade de uso, segundo O Globo. A verba serve para contratar brigadistas, alugar aeronaves, veículos e equipamentos, além de pagar as diárias dos combatentes, entre outras ações.

A reportagem do jornal ouviu servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em condição de anonimato, que revelaram que a redução coloca em risco a capacidade do órgão de prevenir novos incêndios. Segundo um servidor, a proposta apresentada para o ano que vem já compromete as ações este ano.

“Com R$ 29 milhões previstos, o valor a ser executado no decorrer do ano será menor ainda, porque sempre há contingenciamento. Isso agrava a situação, e coloca em risco o cronograma de medidas preventivas, que são as campanhas de comunicação e educação ambiental em municípios mais vulneráveis aos incêndios”, apontou o servidor ao O Globo.

Com Bolsonaro, questão ambiental perdeu relevância

Outra fonte do jornal no Ibama explicou que a prevenção e combate a incêndios florestais perdeu a relevância no Ministério do Meio Ambiente na gestão de Bolsonaro. Segundo o servidor, Salles acabou com o departamento de combate ao desmatamento e era justamente esse setor que cuidava da temática do fogo na Amazônia e em outros biomas.

Com a extinção do departamento, não há mais um gestor responsável por isso em nível estratégico. Ainda no âmbito do ministério, o próximo orçamento reduz ainda a verba para a gestão do uso sustentável da biodiversidade e recuperação ambiental, que tinha um valor autorizado de R$ 15,9 milhões para este ano, e contará com R$ 11,5 milhões em 2020.

Bolsonaro faz birra com ajuda internacional

Fracassado líder na pauta ambiental, título dado pela a Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro nunca se importou com o meio ambiente. A prova recente é que ele foi capaz de causar uma crise diplomática com a França e fazer birra, como uma criança, para aceitar ajudar internacional do G-7 de R$ 83 milhões, valor que representa o dobro da verba para combate a incêndios do Ministério do Meio Ambiente. Após ofender a primeira-dama francesa, Bolsonaro disse só aceitaria o valor oferecido pelo presidente Emmanuel Macron se ele retirasse o que disse, colocando seu ego acima dos interesses nacionais.

O comportamento infantil daquele que deveria ser o líder máximo e a imagem do país no exterior repercutiu na imprensa estrangeira. O jornal estadunidense New York Times noticiou que o governo rejeitou a oferta de US$ 20 milhões feita pelo G-7. Sob o título “Irritado, Brasil rejeita milhões em ajuda prometida pelo G7 para a Amazônia, mas aceita ajuda britânica”, o principal jornal dos Estados Unidos informou que Bolsonaro “expressou sua ira” em uma série de posts no Twitter  ampliando sua rivalidade com Macron.

O texto do jornal relatou ainda que Bolsonaro governa “como um populista de extrema direita”, e que ele enfrenta outros problemas em casa, onde a aprovação de seu governo despencou.

Do PT