Bolsonaro escolheu PGR que deu sinais de submissão

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Augusto Aras, escolhido por Bolsonaro para ser o novo procurador-geral da República – Pedro Ladeira – 12.abr.2019/Folhapress

Na disputa pela cadeira de procurador-geral da República, venceu aquele que se curvou mais a Jair Bolsonaro. O cargo deveria ser marcado pela independência, mas Augusto Aras ficou com o posto depois de ter dado sinais claros de submissão à agenda do presidente.

Decidido a não participar da eleição interna da associação de procuradores, Aras tentou chamar a atenção do responsável direto pela escolha. Ele destoou de algumas missões do Ministério Público e lançou uma plataforma na língua de Bolsonaro em temas como o meio ambiente, os direitos individuais e a Lava Jato.

Aras não se vestiu de verde-amarelo, mas assumiu a retórica da soberania nacional. “A proteção das minorias, inclusive indígenas, passa por interesses econômicos relevantes, internos e externos”, declarou à Folha, antes da crise na Amazônia.

O presidente recebeu Aras cinco vezes antes de anunciá-lo para a vaga. O longo processo seletivo fez com que ele e os demais candidatos sofressem desgastes públicos e tivessem que demonstrar afinação cada vez maior com o Palácio do Planalto.

Quando Aras se tornou favorito, foi bombardeado por militantes que o acusavam de ser alinhado à esquerda. Em resposta, ele anunciou que formaria uma equipe com partidários de Bolsonaro, elogiou o presidente e atacou a “ideologia de gênero”.

O nome ainda enfrenta outro tipo de resistência. Integrantes da carreira e devotos da Lava Jato criticam a escolha de alguém que faz reparos à operação. Aras já disse que houve “pequenos desvios” no caso.

A desconfiança se dá num momento em que o presidente interfere sobre órgãos de controle e vê um dos filhos sob investigação. Antigos bolsonaristas reclamaram. Eles temem que Aras trabalhe para blindar a primeira-família e outros políticos.

Da FSP.