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Marinho e Saad tramam contra lei de Bolsonaro

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Diretor do Conselho Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho esteve na sede do grupo Bandeirantes nesta quarta-feira (18) para almoçar com Johnny Saad, presidente da casa. Outros representantes das duas empresas participaram do encontro entre os dois, que acontece em meio a discussões sobre o projeto de Lei 3.832/2019. Prestes a ser votado no Senado, o referido PL propõe a alteração dos artigos 5º e 6º da Lei 12.485/2011, a Lei da TV Paga, derrubando o impedimento da propriedade cruzada entre programador e distribuidor de conteúdo de TV por transmissão linear.

“Sobre o encontro de ontem, Johnny Saad disse que ficou feliz com a visita e que foi um encontro de amigos que comandam dois grupos de comunicação, sem pauta definida e o que foi conversado ficou entre eles”, respondeu a Band, por meio de sua assessoria de imprensa, ao ser questionada se o almoço foi motivado pela votação da PL.

O grupo Globo não se manifestou.

A mudança na lei abriria as portas para a fusão da AT&T, dona da Sky, com o grupo Time Warner no Brasil, o que não é exatamente do agrado do grupo Globo, emissora notoriamente hostilizada pelo presidente Jair Bolsonaro em várias ocasiões.

Pela lei atual, quem monta a programação não pode distribuir esse mesmo pacote, e vice-versa. Tanto a Globo como a Band tiveram de abrir mão de ações em operadoras de TV há sete anos, quando a lei foi aprovada, sob a proteção de tampouco verem as teles, que possuem fôlego financeiro muito maior que as TVs, ameaçando seus reinados na disputa por direitos esportivos, por exemplo. A Globo se desfez então de participação na NET e na Sky, enquanto a Band abriu mão da TV Cidade, uma operadora de proporções menores.

Uma fonte ouvida pelo TelePadi nega que o encontro entre João Roberto e Johnny Saad tenha tido uma “pauta específica”, tendo sido apenas um almoço entre dois empresários que não se viam há tempos, mas não descarta a possibilidade de este assunto ter sido mencionado durante o almoço, como soubemos que de fato foi.

A AT&T vem pressionando o governo pela mudança na lei há quase dois anos, ou desde antes de ter sua fusão aprovada nos Estados Unidos, o que só ocorreu em junho de 2018, após longo processo, sob autorização judicial. A compra ficou travada após a promotoria pública dos Estados Unidos denunciar a possibilidade de que, de posse da Time Warner, a operadora de telefonia, internet e TV por assinatura AT&T pudesse privilegiar a oferta de conteúdos próprios da Warner em detrimento daqueles oferecidos por outras companhias.

A AT&T, no entanto, tem encontrado no governo Bolsonaro uma receptividade bem maior do que no governo Temer, que nunca teve motivos para desagradar a Globo. A reversão da lei nesse ponto abre as portas para a entrada das teles na disputa por programação e compra de conteúdo, incluindo ofertas muito mais tentadoras aos clubes pelos direitos do futebol, onde a Globo reina absoluta há décadas.

A Time Warner é dona dos canais Turner (CNN, Cartoon Network, TNT, tbs, Warner, Space e Boomerang) e do grupo HBO.

Um dos argumentos da AT&T junto ao governo é que serviços de OTT (Over The Top) como a Netflix já fazem isso no Brasil, ao programar e distribuir seu próprio conteúdo, mas especialistas no ramo observam que essas plataformas precisam de um elemento externo para distribuir seu menu: o serviço de banda larga.

No último dia 7 de setembro, não havia nenhum Saad ou Marinho na tribuna de honra para o desfile que comemorou a data da Independência do Brasil, em Brasília, ocasião para a qual foram convidados Silvio Santos e toda a família, assim como Edir Macedo e os seus, proprietários, respectivamente, do SBT e da Record.

De FSP