Reprodução/Facebook/Clowns de Shakespeare

Peça infantil é censurada na Caixa Cultural Recife

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Reprodução/Facebook/Clowns de Shakespeare
Reprodução/Facebook/Clowns de Shakespeare

A Caixa Cultural Recife cancelou as apresentações do espetáculo infantil Abrazo, que estavam previstas para este e o próximo finais de semana. A peça, organizada pelo grupo teatral Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), mostra um país que proíbe demonstrações de afeto e expõe de maneira sutil temas como ditadura, censura e repressão.

O diretor do espetáculo, Marco França, acusou a Caixa Cultural de censurar as apresentações, em vídeo divulgado por ele em sua rede social. Abrazo é inspirado em O Livro dos Abraços, do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015).

“Uma censura travestida com argumentos jurídicos. Vivemos um momento de barbárie no país, onde a verba pública para pesquisa e educação são cortadas, onde livros são censurados, onde artistas estão sendo perseguidos e tendo suas obras censuradas. Não nos calarão! Enquanto houver espaço para falar, estaremos aqui denunciando”, protestou.

Procurada pelo UOL, a Caixa Cultural nega ter censurado o grupo Clowns de Shakespeare e atribuiu o cancelamento das encenações a um “descumprimento contratual” por parte da companhia teatral. Os ingressos já comprados serão ressarcidos, informou a assessoria do equipamento do banco público.

“A Caixa informa que por descumprimento contratual cancelou o espetáculo Abrazo, com apresentações programadas no espaço cultural do banco. O contrato com o Clowns de Shakespeare foi rescindido, conforme comunicado ao grupo nesta data”, diz a nota enviada à reportagem.

Mais tarde, o Clowns de Shakespeare divulgou nota em que chama a justificativa da Caixa Cultural de “genérica” e admite perplexidade com a suspensão do contrato de patrocínio, obtido por meio de edital.

“Nenhum esclarecimento adicional nos foi dado, o que nos moveu a solicitar da Caixa o parecer jurídico e a decisão administrativa relativos a essa rescisão, com detalhamento para que possamos analisar e nos posicionar apropriadamente sobre o caso. Até o momento estamos perplexos diante dessa atitude, uma vez que não reconhecemos qualquer indício de infração que pudesse ter sido eventualmente cometida, pois cumprimos com tudo que estava contratualmente previsto”, rebateu.

De UOL