Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Folhapress

Amoêdo tenta dissociar Salles do Novo desesperadamente

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O Partido Novo realizou neste sábado em São Paulo a quinta edição de seu Encontro Nacional. Filiado à sigla, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , não compareceu. A ausência deixou ainda mais clara a distância entre ele e a sigla. Após o evento, o presidente do Novo, João Amoêdo afirmou que o ministro não faz parte da “equipe do Novo”.

— Ele é um filiado como um dos 40 mil filiados que a gente tem. O Novo não tem nenhuma ingerência na pauta do meio ambiente, nenhuma ingerência na atuação dele e a gente não tem com ele nenhum vínculo como a gente tem com os mandatários. Ele não é da equipe do Novo, ele é só um filiado — disse.

Esse foi o primeiro encontro da legenda após as eleições de 2018, quando elegeu oito deputados federais, além do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. A nomeação de Salles para o Ministério do Meio Ambiente sempre foi motivo de incômodo para a cúpula da sigla. Mesmo integrantes do alto escalão afirmam que nunca viram Salles em eventos do partido. No segundo turno, o Novo não apoiou nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Fernando Haddad (PT) e declarou neutralidade.

Alguns deputados do partido são mais próximos do presidente, mas mantêm o discurso de independência. Em agosto, o partido aprovou uma resolução que exige que filiados devem se afastar do partido quando assumem posições de relevância nos governos dos quais o Novo não faz participa. A regra não vale para Salles, que foi alçado ao cargo antes de sua aprovação.

Segundo Amoêdo, a permanência de Salles no partido enquanto comanda a pasta gera uma associação indevida entre seu trabalho no Ministério e a agenda do Novo. Recentemente, o ministro tem sido alvo de críticas em razão de sua atuação na crise do derramamento de petróleo no litoral do Nordeste.

— O Novo não tem nada a ver com a pasta do Meio Ambiente — disse o presidente do partido, que completou: — Você não pode ter dois chefes. O chefe dele é o Bolsonaro, então as criticas que a gente pode fazer têm que ser ao chefe dele, o Bolsonaro, e não ao Novo.

Zema minimizou a ausência de Ricardo Salles. Segundo ele, o ministro foi chamado para o governo federal não como integrante do Novo, mas pelo seu histórico profissional. Zema, no entanto, fez uma defesa de uma atuação no Meio Ambiente “sem extremismos”. Na última quinta-feira, o ministro insinuou nas redes sociais que a ONG Greenpeace poderia ter derramado o óleo no Nordeste.

— A questão ambiental no Brasil precisa ser muito bem conduzida, com racionalidade e sem extremismo, sem emoções. Precisamos basear tudo em estudos científicos porque achismo é o que mais se tem aí. Precisamos ser muito ponderados. Não sou especialista ambiental. Da mesma forma que não sou médico. Aquilo que eu não conheço eu não opino — disse Zema.

Bolsonaro ‘prefere o personalismo’

Durante o evento, João Amoêdo destacou em seu discurso a necessidade de crescimento do partido sem pegar “atalhos” da velha política, entre eles o culto à personalidade. Segundo Amoêdo, a crise dentro do PSL, partido do presidente, demonstra a dificuldade de Bolsonaro em lidar com instituições.

— O presidente não é uma pessoa de instituição. Não foi no Congresso, não é em relação à imprensa. Ele não gosta do conceito de instituição. Ele prefere o personalismo — afirmou.

Durante o evento, Amoêdo apresentou os objetivos e metas do partido, como ter eleitos nas cinco regiões do país. O partido deve finalizar ainda neste mês o processo seletivo para a escolha de candidatos em algumas das capitais do país. No Rio de Janeiro, o escolhido foi o ex-CEO do Flamengo, Fred Luz, que coordenou a campanha de João Amoêdo à Presidência em 2018.

Em São Paulo, o diretório estadual não divulga os filiados que participam do processo de disputa, mas o GLOBO apurou que três nomes tentam a indicação do partido. O preferido de algumas das principais lideranças do partido, segundo pessoas ouvidas pelo GLOBO, é o ex-secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura, Filipe Sabará. Até outubro deste ano, ele era presidente do Fundo Social.

OGLOBO