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Assessor de Gil Diniz passou reveillon com os Bolsonaro

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Conhecido como “Carioca de Suzano”, Alexandre Junqueira frequentava até pouco tempo atrás o círculo mais próximo da família Bolsonaro. O que o incluiu até na restrita festa de réveillon que o presidente Jair Bolsonaro promoveu na Granja do Torto na virada de 2018 para 2019, horas antes da posse. Junqueira denunciou ao Ministério Público de São Paulo que o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP)), conhecido como “Carteiro Reaça”, comandava a prática de “rachadinha” em seu gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Junqueira foi contratado como assessor de Gil Diniz e afirma ter ouvido do próprio deputado que teria que devolver parte de seus vencimentos.

Junqueira foi funcionário do gabinete de Diniz, líder do PSL na Alesp, entre março e agosto deste ano. Segundo ele, o deputado pediu que devolvesse R$ 5 mil do salário e lhe disse que o assessor só receberia gratificações caso concordasse em entregar o valor.

O deputado Gil Dinia nega as acusações. Em nota, ele atribuiu a acusação ao fato de seu nome surgir como possível candidato do partido à prefeitura de São Paulo: “É importante notar que este ataque surge quando coloquei meu nome à disposição para a disputa pela Prefeitura de São Paulo, no momento em que alcancei projeção no papel de crítico ferrenho do governador João Doria e como um aliado próximo do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo”, diz ele.

Diniz e Junqueira teriam começado a se desentender em março. Junqueira afirma que só trabalhou por 14 dias no gabinete, até ser afastado por não concordar com o esquema. No entanto, ele permaneceu nomeado, sem receber tarefas nem comparecer ao local de trabalho, até ser exonerado, o que só ocorreu em 31 de julho.

Antes da briga, porém, acompanhava o deputado em todos os eventos políticos, e também frequentava sua casa. Diniz e Junqueira chegaram a tirar férias juntos e até passaram a virada no ano passado na festa da família Bolsonaro na Granja do Torto. Antes de ser eleito, Diniz foi assessor parlamentar do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

No réveillon, Junqueira e Diniz estiveram na festa que o presidente deu para familiares e amigos. Dentro da Granja do Torto, estavam cerca de 30 pessoas – um grupo restrito que incluiu somente a família e os amigos mais próximos. Além de Bolsonaro, estavam a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e os cinco filhos do presidente: Flávio, Carlos, Eduardo, Jair Renan e Laura. Além deles, a mãe do presidente, Olinda Bonturi Bolsonaro, e irmãos também estiveram nas comemorações e se hospedaram no local.

Junqueira posou em imagens junto com Diniz, Eduardo e Flávio durante a festa de réveillon. Ele também foi convidado para a posse presidencial no dia seguinte e postou imagens de seu convite para a recepção de chefes de estado no Itamaraty.

Questionado se avisou Eduardo Bolsonaro sobre o esquema que ele acusa Gil Diniz de comandar, Junqueira disse que não gostaria de citá-lo.

— Não quero citar o Eduardo. Acho que ele não tem nada a ver. Existe algo que eles falam, tudo que o sistema não combate, ele absorve. Isso vai de pessoa para pessoa — afirmou Junqueira ao GLOBO.

Denúncias

O salário bruto de Junqueira na Alesp era de R$ 12 mil, além de R$ 999 de vale-alimentação. Segundo o ex-funcionário, o deputado exigia que as Geds (gratificações especiais de desempenho), que são gratificações pagas a alguns assessores, fossem devolvidas para o deputado, que exigia também parte do salário também. Cada Ged gira em torno de R$ 5 mil, e cada gabinete possui duas ou três por mês. Junqueira diz que as gratificações são pagas em uma espécie de rodízio entre os funcionários. O ex-assessor afirma que não recebeu gratificações, porque não aceitaria devolver os valores.

— Todas voltam para o deputado — disse Junqueira ao GLOBO.

De acordo com Junqueira, no começo da conversa sobre o pedido de devolução de parte do salário, o deputado teria pedido apenas uma contribuição voluntária para caixa de campanha. Depois, pediu devolução das gratificações. Ao final, já estava pedindo ainda R$ 5 mil do salário.

Ele explica que decidiu denunciar, porque “esses caras só pensam em roubar”.

— Decidi denunciar, porque não foi para isso que eu lutei. Eu queria ver esses caras fazerem isso na Indonésia. Já estariam todos fuzilados É revoltante. Viu a forma que o nosso país está. E esses caras só pensam em roubar, roubar e roubar — afirmou Junqueira.

De OGLOBO