Diretor da PF pergunta a Moro se deve obedecer Bolsonaro
Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Do Equador, o diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, aguarda instruções do ministro da Justiça, Sergio Moro, para saber como proceder no caso do depoimento do porteiro que envolveu o nome do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). O ministro também está em Quito, capital equatoriana.
Ontem, reportagem da TV Globo divulgou uma menção nominal ao presidente feita por um porteiro no inquérito do duplo homicídio da vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018. O presidente negou qualquer envolvimento no Caso Marielle.
Da Arábia Saudita, Bolsonaro disse que pediria a Moro para ouvir de novo o porteiro. Criticou o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), e a TV Globo.
O caso está no STF (Supremo Tribunal Federal) pelo menos desde 9 de outubro, de acordo com relato do próprio Bolsonaro. Ele disse, hoje, que recebeu essa informação de Witzel.
A PF e a Procuradoria-Geral da República já investigam a possível obstrução nas investigações do assassinato da vereadora Marielle.
Caso essa parte da investigação também fique a cargo da PF, deveria haver continuidade na apuração: obter as gravações de áudio e, como quer o presidente Bolsonaro, ouvir o porteiro novamente.
Valeixo participa no Equador de reuniões da Comissão de Segurança Pública (Mispa) da Organização dos Estados Americanos (OEA). A assessoria do Ministério da Justiça disse ao UOL que, “mais tarde”, mas ainda hoje, Moro divulgará uma nota sobre o episódio.
De acordo com a reportagem da Globo, em depoimento, um porteiro do condomínio onde Bolsonaro morava no Rio disse que, no dia do crime, alguém com a voz dele autorizou a entrada de um dos suspeitos do homicídio.
Bolsonaro, no entanto, estava na Câmara dos Deputados no horário que o fato ocorreu, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da Globo.
Segundo a reportagem, Élcio Vieira Queiroz, suspeito de dirigir o carro usado no crime, disse que iria a casa de número 58, que pertence a Bolsonaro. Ele, porém, acabou se dirigindo à casa 66, de Ronnie Lessa, suspeito de ser o autor dos disparos. Carlos Bolsonaro mora no mesmo condomínio em outra casa que tem seu pai como proprietário.