Katia Abreu espera reação do PDT
Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
A senadora Katia Abreu sabia o posicionamento do partido, o PDT, sobre a Reforma da Previdência. Desconsiderou, votou a favor e agora aguarda as sansões. A votação está prevista para acontecer na próxima terça-feira. Apesar do presidente do partido, Carlos Lupi , ter avisado que entraria com um processo contra a senadora caso ela mantivesse a posição, a parlamentar disse não temer a reação da legenda.
— Tudo que faço de acordo com meus princípios e convicções, eu não tenho medo. Tenho medo é de trair os meus princípios e a minha consciência. Agora, o que o partido vai fazer, qual vai ser a reação, é um direito dele — afirmou a senadora ao GLOBO.
No início do mês, a posição favorável de Kátia pela proposta pegou de surpresa alguns colegas de partido. Ela foi a única dos quatro representantes do PDT no Senado a votar “sim” para o projeto de mudanças de aposentadoria, contrariando a orientação da sigla. A senadora disse ainda que a reforma é importante ao país e que seu posicionamento segue ao que foi proposto na campanha eleitoral de 2018, em que concorreu como vice na chapa presidencial de Ciro Gomes :
— A minha convicção foi a mesma da minha campanha. Nós trabalhamos e lutamos muito durante toda a campanha do Ciro Gomes expondo a nossa proposta de Reforma da Previdência, pela importância dessa reforma.
Durante a votação da proposta na Câmara, Ciro Gomes chamou o projeto de “elitista” e defendeu a expulsão dos oito deputados federais, incluindo Tábata Amaral , que votaram contra a orientação do partido e apoiaram a reforma. Katia não quis comentar sobre o posicionamento do ex-colega de chapa.
— Essa é a posição dele, eu respeito — disse.
Um dia depois da votação do primeiro turno no Senado, Tábata parabenizou Kátia por não “se deixar levar pela lógica eleitoreira e pela polarização cega”. A deputada está afastada da agenda do PDT desde a abertura do processo, em julho, e anunciou que deixará o partido. A parlamentar disse que ela e mais três colegas de sigla — Flávio Nogueira (PI), Gil Cutrim (MA) e Marlon Santos (RS) — vão entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar a legenda sem perder o mandato.
A legislação determina que o mandato fique com o partido caso o parlamentar deixe a legenda fora da janela temporária – mas prevê exceções, como por exemplo perseguição política. Tábata alega que se tornou alvo do partido desde que votou a favor da reforma da Previdência.