PSL inicia expulsão de deputados
Foto: Daniel Marenco/Agência o Globo
Alçado a porta-voz informal das decisões do PSL, o deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP) afirmou nesta segunda-feira que o partido deve expulsar os deputados federais Carla Zambelli (PSL-SP), Bibo Nunes (PSL-RS), Alê Silva (PSL-MG) e o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP). O comando da sigla deve se reunir nesta terça-feira para tomar a decisão.
A crise entre a ala bolsonarista e o grupo ligado ao comando da sigla teve mais um capítulo na última sexta-feira, quando o presidente Jair Bolsonaro, seu filho e senador Flávio e mais 20 deputados assinaram um documento pedindo ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, que abra todas as contas partidárias dos últimos cinco anos. A jogada foi orientação de advogados do presidente, Karina Kufa e Admar Gonzaga, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Vamos propor um desafio púbico para a Kufa e o Admar. Já que o presidente é contra o fundo eleitoral e partidário nas campanhas, e os deputados signatários também são, queremos que eles assinem um documento público com valor jurídico, do presidente, Eduardo, Flávio e todos os 20 deputados abrindo mão do fundo e indo embora do partido — disse, no domingo, Júnior Bozzella.
Já que o problema não é o dinheiro, não vejo problema todos eles assinarem, assim não precisam procurar justa causa e serão todos liberados.
No mesmo dia, o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), havia negado que usaria o Conselho de Ética do partido para punir os 19 deputados que manifestaram solidariedade a Jair Bolsonaro, na semana passada. Segundo o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), alguns deles já foram afastados de comissões e perderam cargos de assessores nas lideranças.
Witzel nos planos
Bozzella declarou que a expulsão dos quatro nomes não é problema, uma vez que outros governadores, deputados e senadores já manifestaram interesse em se filiar ao PSL.
— O caso mais público é do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) – explicou.
Questionado sobre se o desgaste entre Witzel e Jair Bolsonaro não seria um entrave para essa filiação, ele sinalizou que a saída do presidente é dada como certa.
— A gente não está mais contabilizando o presidente (Bolsonaro) nessa história. A gente pode ainda defender o Bolsonaro onde ele estiver, seja no Patriota ou que partido for — declarou.
— Quem está tocando o partido agora somos nós. O Bivar bateu o martelo e deixou o PSL com o pessoal de confiança, eu, o (vice-presidente do partido, Antônio) Rueda, o (deputado federal Felipe) Francischini.
Os deputados mencionados por Bozzella disseram desconhecer a expulsão, dada como certa nos bastidores da alta cúpula.
— Oficialmente, até o presente momento, eu não recebi nenhuma informação da executiva do partido — afirmou Douglas Garcia.
Carla Zambelli disse que vai “aguardar para ver os fatos” e que, se a expulsão ocorrer, “estarão no direito deles”. Já Bibo Nunes foi mais firme na resposta.
— Se me expulsarem será uma honra — afirmou.