Era de ouro na Bolívia termina em golpe
Um golpe militar derrubou o governo da Bolívia. Os militares prometerem que promoveriam um massacre dos governistas se Evo Morales não renunciasse.
Ahora: las FFAA llaman a Evo Morales a renunciar pic.twitter.com/KocXDA719K
— Juan Manuel Karg (@jmkarg) November 10, 2019
Nenhuma novidade em um continente marcado por golpes de Estado. No Brasil, o golpe foi em 2016 via simulação de um “motivo” para a derrubada de Dilma Rousseff.
Seja como for, o principal prejudicado pela derrubada de Evo é o povo mais pobre da Bolívia. Mas, ainda que essas pessoas não percebam, TODOS perdem com a derrubada do governo.
Na última década, o país vem crescendo em média a 5% ao ano. O ciclo, que já foi chamado de “milagre econômico boliviano”, começou em 2006, quando Evo Morales chegou ao poder.
Uma das primeiras e principais medidas do presidente, que tenta se reeleger neste domingo para um quarto mandato, foi a nacionalização do petróleo e do gás natural.
Parte das empresas privadas foi transferida para as mãos do Estado. As multinacionais tiveram que renegociar os contratos com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos para continuarem operando no país e passaram a pagar mais para explorar jazidas.
Mais de uma década depois, entretanto, o cenário que se desenhava no início do governo do
primeiro líder indígena a ascender ao poder no país é outro.
Multinacionais, empresas privadas e estatais convivem na Bolívia em um modelo de crescimento ancorado na exploração dos recursos do setor de óleo e gás — que, para alguns, vem dando sinais de esgotamento.
A onda do boom de commodities que sustentou o crescimento de parte da América Latina até a crise financeira de 2008 também passou pelo país e patrocinou uma melhoria sem precedentes nas condições de vida de milhões de bolivianos.
No caso da Bolívia, o período de bonança da economia se manteve mesmo depois da queda nos preços das commodities e o fim do boom — que se deu por volta de 2014 e, não por acaso, coincide com a desaceleração da economia brasileira.
Isso se deve em parte à política fiscal expansionista do governo boliviano, que segue financiando as políticas de transferência de renda.
Novo governo
O novo governo não deve trazer muita sorte ao país se Carlos Mesa assumir o posto. Antes, porém, há que ver se não se instalará no país um governo militar – já que foram eles que derrubaram Evo.
Se for Mesa, os prognósticos não são bons.
Foi presidente da Bolívia de 17 de outubro de 2004 até 9 de março de 2005[1]. Sendo vice-presidente sob o governo do então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, Mesa assumiu o posto depois de protestos generalizados e greves que pararam a Bolívia, forçando Sánchez de Lozada a renunciar e abandonar o país.