Especialista diz que propor “novo AI-5” prejudica economia
Foto: Marcos Corrêa/PR
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou se defender, mas só conseguiu atiçar o fogo. Ao responder às promessas de Lula de que mobilizaria o povo para contestar a política econômica do governo Bolsonaro, saiu-se com a frase infeliz: “Não se assustem se alguém pedir o AI-5”.
Pode não ter querido defender a medida que, durante a ditadura militar, permitiu que o regime suspendesse direitos e reprimisse manifestações de oposição. Mas a frase foi suficiente para tumultuar um pouco mais o já deteriorado ambiente político. Inflamado, o ministro esclareceu que jamais defenderia medidas de repressão. Deixou claro que o governo está disposto a dobrar a aposta diante das bravatas de Lula.
A declaração veio se somar a outras semelhantes, que nos últimos meses têm composto a preocupante narrativa governamental.
Guedes é ministro de um governo que não disfarça sua vocação autoritária. Procura se encaixar nesse arranjo com uma política econômica fortemente liberal, que deseja “desregulamentar” a economia e abri-la completamente ao mercado. Acredita que o liberalismo econômico leva automaticamente ao liberalismo político.
Com o episódio, Guedes exacerbou a animosidade oposicionista, que despreza, e aumentou a desconfiança dos investidores que tanto preza. Ele mantém um relacionamento frouxo com a política, não sabe assimilar críticas e é intolerante com a contestação.
Atitudes que não cabem em uma república democrática e espalham toxinas que empurram o País para os anos de chumbo de triste memória.